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Defesa quer anulação da condenação de jovens em Guarulhos

Na semana passada, eles foram condenados; caso teve reviravolta após confissão do 'Maníaco de Guarulhos'

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A defesa dos três rapazes acusados de matar Vanessa de Freitas, em 2006, ingressou nesta terça-feira, 25, com pedido de nulidade do julgamento ocorrido na semana passada. Wagner Silva e Renato de Brito foram condenados a 24 anos de prisão. A pena imposta a Willian de Brito foi de 9 anos. Os advogados estudam ainda um habeas corpus para o trio. Condenados, os três jovens foram transferidos na sexta-feira, 21, para o Centro de Detenção Provisória I de Guarulhos, na Grande São Paulo. Veja também: Trio condenado em Guarulhos confiava na absolvição Vídeo reforça dúvidas sobre o caso Todas as notícias sobre o caso do maníaco   Os condenados pela morte de Vanessa, de 22 anos, em agosto de 2006, eles foram soltos em setembro, depois da confissão de Leandro Basílio Rodrigues, apelidado pela polícia de Maníaco de Guarulhos. Dias depois, Rodrigues voltou atrás e disse que só confessou sob tortura. Os réus também alegaram terem sido agredidos por policiais para admitir o crime, porém, foram condenados após três dias de julgamento. A defesa informou que vai recorrer e disse ver razões para pedir "a nulidade" do júri popular. Como forma de reparação, o trio também foi condenado a pagar um salário mínimo aos dois filhos de Vanessa até que eles completem 25 anos. "Isso (a decisão dos jurados) foi um absurdo. Temo pela segurança desses rapazes", afirmou Augusto Tolentino, um dos três defensores dos réus. O caso teve várias reviravoltas. Durante os debates, a banca de acusação gastou pouco mais da metade das duas horas e meia a que tinha direito para tentar tirar Rodrigues da cena do crime. Sem provas contundentes que incriminassem os três rapazes, o promotor Levy Emanuel Magno partiu para a exclusão de hipóteses. "Se eu fosse assassinado, a polícia teria alguma dificuldade para esclarecer o crime porque lido diariamente há 16 anos com criminosos. Mas uma garota de 22 anos, que inimigos teria?", questionou. O juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano disse que considerava difícil acreditar em um erro judicial, como chegou a ser cogitado até mesmo pelo governador de São Paulo, José Serra. "As contradições e a retratação mostravam que algo estava errado. Na minha opinião, houve precipitação (de Serra)", disse. O julgamento foi polêmico e a decisão final, dividida: a maior parte dos quesitos apresentados aos jurados foi definido pela votação de 4 a 3, contra os acusados. O conselho de sentença era formado por quatro mulheres e três homens. "Acredito que tenha havido um equívoco dos jurados em relação à avaliação do caso do William (condenado apenas por atentado violento ao pudor e não por assassinato)", disse o promotor Levy Emanuel Magno. Ele acredita que o acusado será novamente levado a júri, por causa desse quesito. Foi categórico. "Esses peritos estão vendidos." Indiciamento Também por decisão dos jurados, duas testemunhas de defesa, Rodrigo Cavalcante de Melo e Emerson Ferreira da Silva vão responder por falso testemunho. Na quarta-feira, a acusação havia colocado o depoimento de ambos sob suspeita. Foi dado prazo até o fim do julgamento para que se retratassem. Como os dois não se retrataram - e o conselho de sentença entendeu que eles mentiram -, os dois saíram do Fórum diretamente para o 1º DP, onde foram indiciados. Mas vão responder ao processo em liberdade. Uma testemunha protegida, que também teve seu depoimento contestado pela defesa dos réus, foi liberada pelos jurados. Cronologia do caso 19/8/2006: Renato Correia de Brito, Willian César de Brito Silva e Wagner Conceição da Silva são presos, acusados da morte de Vanessa Batista de Freitas, na noite anterior. Eles teriam confessado sob tortura 29/8/2008: Leandro Basílio Rodrigues, chamado pela polícia de Maníaco de Guarulhos, confessa o assassinato de Vanessa. Renato, Willian e Wagner são soltos cinco dias depois 18/9/2008: Rodrigues diz ao juiz Jayme Garcia dos Santos que confessou a morte de Vanessa sob tortura. Família da vítima crê que Renato, Willian e Wagner são culpados Entenda os detalhes do caso Ministério Público O promotor Marcelo Alexandre de Oliveira fez a denúncia à Justiça e pediu a soltura dos acusados. Afastou-se do caso por acreditar na inocência dos réus Polícia Civil de Guarulhos - Delegado plantonista do 1.º DP, Paulo Roberto Poli Martins trabalhava no dia em que os três foram presos pela PM. Ele nega que os tenha torturado - Delegado-titular do Setor de Homicídios, Jackson César Batista comandou a equipe que prendeu Rodrigues. Foi para os policiais que o rapaz teria confessado uma série de crimes, entre eles a morte de Vanessa. O delegado nega que o tenha torturado Acusados Os três réus afirmam que são inocentes. Renato, o único que confessou o assassinato de Vanessa na época, afirmou ter sido torturado por policiais civis e militares quando o caso foi levado ao 1º DP. O maníaco de Guarulhos disse que confessou a morte de Vanessa sob tortura Quem são os réus Renato Correia de Brito - Ex-companheiro de Vanessa. Tem 24 anos. Condenado a 24 anos, sendo 15 anos por homicídio qualificado e 9 anos por atentado violento ao pudor. Condenado ainda a pagamento de um salário mínimo aos dois filhos de Vanessa até que eles completem 25 anos Wagner Conceição da Silva - Amigo de Renato. Tem 25 anos. Condenado a 24 anos, sendo 15 anos por homicídio qualificado e 9 anos por atentado violento ao pudor. Condenado ainda a pagamento de um salário mínimo aos dois filhos de Vanessa até que eles completem 25 anos William César de Brito Silva - Primo de Renato. Tem 28 anos. Condenado a 9 anos por atentado violento ao pudore a pagamento de um salário mínimo aos dois filhos de Vanessa até que eles completem 25 anos. O promotor disse que vai recorrer desta sentença pois acredita que ele participou do homicídio

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