Defesa Civil esvazia prédios com rachaduras na região do Morumbi

Duas torres com 106 apartamentos foram interditadas, mas a gravidade do problema na estrutura não foi esclarecida

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Por Marco Antônio Carvalho
Atualização:
Poucos conseguiram sair com pertences Foto: GABRIELA BILO/ESTADAO

Moradores de um condomínio na Vila Andrade, na região do Morumbi, na zona sul de São Paulo, tiveram de deixar as residências no fim da tarde desta terça-feira, 19, depois de rachaduras terem aparecido na estrutura. Técnicos da Defesa Civil estiveram no local e não há previsão de liberação. 

No total, duas torres com 106 apartamentos foram interditadas, mas a gravidade do problema na estrutura não foi esclarecida. Fotos de moradores mostram apartamentos com extensas rachaduras, que se repetem em corredores, além de problemas na fachada. Na base de um dos prédios, no térreo, é possível perceber um fio que demarca a rachadura e percorre mais de 20 metros na horizontal, além de cerca de dez na vertical.

Estruturas têm rachaduras Foto: Raquel Morgenstern

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Segundo os moradores, uma nova rachadura apareceu por volta das 14 horas desta terça, dessa vez acompanhada de um estalo. A situação voltou a alarmar os moradores, que acionaram as autoridades. 

Os problemas no Condomínio Liberté Morumbi, localizado na Rua Marie Nader Calfat, não são novos. De acordo com a síndica Raquel Morgenstern, as reclamações remetem ao período da entrega das chaves, em 2006. “Lá atrás já haviam sido constatados problemas como fissuras e infiltrações. De lá para cá, a situação só piorou, com o aparecimento de novas rachaduras”, disse ela, detalhando reclamações no salão de festas e no estacionamento. 

Segundo a síndica, os moradores estão desde 2015 processando a construtora DMF pelos problemas. Nesta quarta-feira haverá uma audiência. A última decisão do processo, que corre na 31.ª Vara Cível, data de 6 de junho de 2018, e os autos estão desde 31 de janeiro prontos para uma decisão final do juiz responsável. 

Na ação, o condomínio sustentou que a partir de 2006 “começou-se a verificar a existência de vícios na edificação, sobretudo a existência de trincas, rachaduras e manchas de mofo, evidenciando-se a inferioridade dos materiais utilizados na obra”. Já a empresa rebateu dizendo que “após a entrega da obra, atendeu devidamente às reclamações realizadas pelo condomínio”. 

Por meio de nota, a construtora DMF disse não ter sido "notificada pelas autoridades locais em relação ao ocorrido". "A empresa se encontra à disposição das autoridades locais. O condomínio foi regularmente entregue em 2005 e existem laudos técnicos produzidos posteriormente que atestam a estabilidade estrutural da obra. A DMF tomará as medidas cabíveis para averiguar o ocorrido e disponibilizará um canal de comunicação com os moradores."

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Saída

Os moradores tiveram de deixar as residências de forma repentina e poucas famílias conseguiram sair com malas de roupas e outros pertences. Somente foi permitida uma nova entrada para a retirada de animais de estimação. 

Na noite desta terça, o publicitário Henrique Neto, de 30 anos, estava na calçada do prédio, onde tem um apartamento alugado, e aguardava informações ao lado da mulher. “Vi pela TV o que aconteceu, estava trabalhando. Não é dado nenhum prazo para solução”, disse ele, que dormiria na casa de conhecidos e retornaria ao local hoje pela manhã – ainda na expectativa de receber informações atualizadas sobre as condições do prédio. 

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O Estado questionou a Defesa Civil municipal sobre a situação. O órgão disse que foi acionado para vistoriar os prédios. “Ambas as torres, de 12 pavimentos cada – sendo 8 pisos com 6 apartamentos, um térreo e 3 de garagem – foram interditadas e evacuadas preventivamente para realização de diagnóstico estrutural. Foram constatadas rachaduras nas edificações. A ação contou ainda com a presença de um engenheiro, agente vistor da subprefeitura, além do Corpo de Bombeiros”, detalhou a Defesa Civil.

O órgão municipal acrescentou que vai monitorar as edificações e o processo de estabilização das torres interditadas, mas não foram dados prazos para os próximos procedimentos. 

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