21 de novembro de 2010 | 00h00
O paulistano Willian Aparecido dos Santos fica em pé no dorso do cavalo em movimento. Com destreza, ele se curva, joga-se para a lateral do animal, toca os pés no chão e retorna para cima do bicho, da raça sela holandesa. A sequência lembra um filme do Zorro, mas é o volteio, esporte de elite que mistura acrobacias e equitação, novidade na Virada deste ano.
A apresentação de hoje começa às 10h no Parque Esportivo do Trabalhador (PET), no Tatuapé, zona leste. Santos, de 23 anos, é o principal destaque e vai orientar quem quiser experimentar.
Até 2007, ele nunca havia encostado em um cavalo. Nascido na Favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo - onde mora com os pais e dois irmãos em uma casa de dois cômodos -, sempre demonstrou talento para esporte. Fez ginástica olímpica entre os 5 e 9 anos. Parou por causa de um acidente. "Um carro me atropelou. Um dia depois fui convocado para ser federado no Clube Pinheiros. Não deu."
Foram três meses de internação e uma grande cicatriz no pé direito. Assim que deixou o hospital, um novo acidente. Sofreu uma grave queimadura provocada com álcool. Depois de uma longa recuperação, partiu para a capoeira. Dava até aulas na Escola da Comunidade Colégio Visconde de Porto Seguro, onde estudava. Lá, foi descoberto por um treinador de volteio, que o levou para a Hípica Paulista. Em três anos, foi duas vezes campeão brasileiro. Também recebeu convite para treinar por quatro meses na Europa.
A origem do volteio remete à Idade Média, nos combates entre cavaleiros. O esporte se desenvolveu na Alemanha. No Brasil, são 150 praticantes. "Eu me vejo para sempre no volteio, com a qualidade dos caras lá de fora", diz ele. Na Escola Preparatória de Volteio (EPV), ele ensina o esporte de graça a 30 crianças carentes, e limpa os cavalos . No fim do expediente, treina. A Prefeitura já firmou parceria com a EPV, que atenderá a partir de amanhã mais 70 crianças.
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