De 40 faróis apagados, 2 são arrumados

Falta de apenas de uma das luzes não é oficialmente registrada pela CET; quanto mais central a região, pior é o problema de sinalização

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Por Bruno Ribeiro e Nataly Costa - O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO PAULO - Não é difícil achar semáforos com lâmpadas apagadas na cidade de São Paulo. O Estado acompanha, desde sexta-feira, a situação de 40 deles apenas em bairros do centro expandido, incluindo Higienópolis, Perdizes, Pinheiros, Pompeia, Vila Madalena e Jardins. Nesse período, só dois equipamentos foram arrumados.

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Em nenhum dos casos os semáforos estavam visivelmente danificados, com o amarelo piscante, o que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) classifica como "ocorrência" e publica no banco de dados do site. A falta de apenas uma das luzes não é oficialmente registrada.

Quanto mais central a região, pior o problema. O Estado fez o mesmo percurso em Higienópolis, Perdizes e Vila Madalena na noite de sexta-feira, na tarde de segunda-feira e na tarde desta quarta-feira, 30. Dos 40 semáforos encontrados pelo caminho com defeito, 25 estavam concentrados nesses bairros. Ainda assim, só um deles passou por reparo nos últimos dias e apenas parcial: na sexta-feira, no cruzamento das Ruas Inácio Pereira da Rocha e Belmiro Braga, na Vila Madalena, havia uma lâmpada apagada no semáforo sentido bairro e outra no sentido centro. Na segunda-feira, somente a lâmpada da pista sentido bairro estava funcionando.

Crítico. Apenas em um raio de menos de 2,5 km, entre as Ruas Cardoso de Almeida, Paraguaçu, Doutor Veiga Filho, Brasílio Machado e Doutor Cândido Espinheira e na Alameda Barros, são nove semáforos com pelo menos uma das luzes defeituosas desde sexta-feira. Algumas vias são mais críticas: na Rua Vanderlei, em Perdizes, são quatro cruzamentos com semáforos com problema - em um deles, na esquina com a Rua Apiacás, há luzes apagadas em dois conjuntos.

Nesta quarta-feira, 30, por volta das 17 horas, a reportagem repassou à CET a lista de locais com semáforos apresentando defeito. A companhia disse que não teria tempo de levantar caso a caso e esclarecer por que eles ficaram tanto tempo apagados.

Estoque. Quando a CET negou haver falta de lâmpadas para semáforos, ainda na sexta-feira passada, a reportagem pediu para ver os estoques do almoxarifado da companhia, que fica na Barra Funda, zona oeste. De pronto, a companhia afirmou que tentaria providenciar a visita. Depois, já na segunda-feira, afirmou que o estoque de lâmpadas ficava com a empresa terceirizada que responde pela manutenção dos semáforos. O Estado pediu, então, para ver os estoques da empresa terceirizada, uma vez que as lâmpadas são de propriedade da Prefeitura.

Em vez de liberar a visita ao depósito na noite da segunda-feira, a CET afirmou haver um estoque de lâmpadas incandescentes em outro ponto - o centro de manutenção da companhia, na Marginal do Pinheiros, zona oeste. A reportagem foi então autorizada a entrar na sala de estoque e fazer fotos no mesmo dia. Lá, no entanto, as lâmpadas consideradas usadas pela CET - ou seja, que teriam sido retiradas das vias para reaproveitamento - não apresentavam marca de poeira ou fuligem do trânsito e tinham as bases de metal brilhantes. O Estado então pediu para ver as planilhas de controle que registram a data e o horário de entrada e de saída dessas lâmpadas, mas a resposta foi que esse pedido não havia sido feito previamente e, portanto, as planilhas não seriam fornecidas.

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Conserto. O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito, Silvio Médici, diz que não há norma que regulamente quanto tempo um semáforo pode ficar apagado. "Tem de ser consertado imediatamente. É preciso que haja equipes de plantão para resolver os casos na hora."

Ele diz ainda que São Paulo deveria ter sistemas que identificassem as falhas automaticamente, o que não ocorre na capital.

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