Um barulho alto e seco de bate-estaca ecoa pelas bordas de uma reserva natural de 2 milhões de m² em Santana de Parnaíba, no noroeste da Região Metropolitana de São Paulo. É bem ali, ao lado dos luxuosos condomínios de Alphaville, na divisa com Barueri, que construtoras de alto padrão criaram o "Tamboré", uma grife de residenciais verticais. O ritmo é tão intenso que o número de apartamentos no município passou de 248 para 2.215 em dez anos - aumento de quase oito vezes.Essa explosão de prédios alçou a cidade de Santana de Parnaíba ao segundo lugar do ranking estadual da verticalização entre as grandes cidades. A liderança fica com Franco da Rocha, município de renda baixa também localizado no noroeste da Grande São Paulo. Esse último cresceu 1.262% na década, impulsionado pela grande quantidade de conjuntos habitacionais feitos pelo poder público e pelo aumento de lançamentos populares voltados à classe C.Já no Tamboré, o foco é bem diferente. "São pessoas buscando uma exclusividade maior", diz o sócio-diretor da imobiliária Lopes, Paulo Sérgio Santos Pinheiro. Segundo ele, o boom imobiliário começou há três anos e nunca esteve tão intenso. Os motivos são três: a grande oferta de terrenos, o incentivo a prédios na legislação e, o mais importante, o ritmo alucinado da procura pelos lançamentos. Pinheiro cita como exemplo um empreendimento lançado há 15 dias. "Até agora, quase metade dos 168 apartamentos já está vendida." O principal atrativo é a vista - em São Paulo, é difícil encontrar apartamentos novos com varandas de onde é possível ver apenas áreas verdes e casas. Além disso, há a questão da segurança e do preço, que pode ser até duas vezes mais baixo que nos bairros nobres da capital. Esses foram exatamente os motivos que atraíram a administradora e corretora Claudete Scherer ao Tamboré. "Eu adoro. Aqui parece uma cidade do interior com qualidade de primeiro mundo. E ao lado de São Paulo." / R.B. e R.B.