De 12 locais que alagaram nesta semana, 11 já sofriam com enchentes há 20 anos

'Estado' pesquisou 12 vias que tiveram enchentes nos dois primeiros meses de 1993 e de 2003 para verificar se voltaram a alagar neste ano; só a Avenida Pacaembu não encheu até agora

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Por Juliana Deodoro e Caio do Valle
Atualização:

SÃO PAULO - A água represada na Praça da Bandeira, no centro, interditou o local. O Viaduto Antártica, na zona oeste, fechou por causa do alagamento na Avenida Marquês de São Vicente. O trânsito na Via Anchieta ficou complicado por causa do transbordamento do Ribeirão dos Couros, na zona sul. Tudo isso aconteceu depois dos temporais dos últimos dias em São Paulo. Mas foram também frases de reportagens sobre enchentes publicadas 10 ou 20 anos atrás.

 

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O Estado pesquisou 12 vias que tiveram enchentes nos dois primeiros meses de 1993 e de 2003 para verificar se voltaram a alagar neste ano. Só uma passou incólume até agora: a Avenida Pacaembu, na zona oeste, que costumava inundar há duas décadas. Os outros 11 pontos seguem sofrendo com transtornos de alagamentos. Basta chover forte para inundarem, complicando o trânsito e a vida de pedestres, moradores e comerciantes.

A Rua Turiaçu, na Pompeia, na zona oeste, é um desses pontos frequentes de alagamentos. Há 10 anos, uma reportagem já informava que a via havia ficado cheia de água em uma tarde de janeiro. Não muito longe, a Avenida Marquês de São Vicente, perto do Viaduto Antártica, também inundava, isolando veículos. Os dois pontos voltaram a alagar com a chuva dos últimos dias.

No centro, o fechamento do Túnel do Anhangabaú e dos primeiros metros da Avenida 23 de Maio já ocorriam em temporais de 1993. No começo da semana, seguiram a velha tendência e alagaram de novo, assim como trechos da Radial Leste e Avenida Aricanduva, na zona leste. Nem a famosa Rua 25 de Março escapa. Apesar de não alagar tanto quanto em 2003, ainda sofre com enormes espelhos d’água.

Na esquina da Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello com a Rua Bento Sabino dos Reis, na Vila Ema, zona leste, a população é obrigada a conviver com as enchentes todo ano. Dos 22 verões que a comerciante Neide da Silva, de 47 anos, passou em sua casa naquela rua, em apenas dois não presenciou um transbordamento. Ela diz que não consegue dormir quando chove e o nervosismo a fez procurar tratamento psicológico. Na segunda-feira, Neide perdeu móveis e eletrodomésticos.

Um caso parecido é o da Rua Mateus Mascarenhas, no Limão, na zona norte. Já há dez anos, a via alagava bastante. No início desta semana, suas casas voltaram a sofrer com a água suja. É o que conta a atendente Tamara Regina dos Santos, de 21 anos. “Perdi a geladeira, que havia colocado na garagem, pois estou de mudança.”

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Vila Madalena. Outros locais que não deixaram de encher são a Via Anchieta, na altura do km 13, na zona sul, e o cruzamento das Avenidas Brasil e Rebouças, em Pinheiros, na zona oeste. A Vila Madalena, na zona oeste, também tem enxurradas tanto quanto dez anos atrás. Em nota, a Prefeitura informou que houve intervenções em alguns pontos citados pela reportagem e estuda “um pacote de intervenções” para tentar resolver o problema.

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