
02 de fevereiro de 2011 | 00h00
Marília Carneiro, que assina o figurino da novela Ti-ti-ti e já fez o Brasil usar a microssaia de Deborah Secco em Celebridade ou a meia de lurex de Sonia Braga em Dancin" Days, está acompanhando os desfiles. Adorou as cores da Maria Bonita, especialmente o ferrugem com marinho, e tem pena de desmembrar os looks mostrados na passarela de tão perfeitos que estavam. E gostou muito da Huis Clos. "Comovente", resumiu sobre o trabalho da estilista Sara Kawasaki.
Marilia estava positiva depois de assistir ao desfile da portuguesa Ana Salazar, na tarde de ontem. E aí entra a questão do ponto de vista. Para ela, foi um bom desfile, com muitas peças para vestir seus personagens: jaquetas de couro punkish, vestidos de seda artsy, casacos militaristas. "Quero aproveitar o fim da novela para passar informação do inverno." Para mim, foi um desfile quase medíocre, pois trazia apenas informações conhecidas, quase envelhecidas, numa edição previsivelmente eclética.
Você pode pensar: hummm, que saia-justa! De maneira nenhuma! Cada profissão tem um papel no mundo da moda. E cada um de nós olha para a moda de acordo com seu objetivo. O meu, como analista, comentarista ou crítica, busca novos desejos, técnicas bem aplicadas, grandes ideias. Ideias que podem ter uma estranheza inicial, que podem precisar de reflexão e de tempo para serem compreendidas, mas acima de tudo ideias que provocam alguma emoção.
Confesso que me surpreendi com a teatralidade da apresentação de FH por Fause Haten. As modelos tinham um ar de filme de David Lynch, todas loiras, com vestidos austeros - mesmo quando forrados de cristais. Depois, sentadas na pequena plateia montada na passarela, assistiram a um pas-de-deux em torno de um piano de cauda. E, no fim, rolou mesmo um pas-de-deux entre moda e dança. Não era novo nem grandioso, mas tinha harmonia.
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