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Familiares dizem que dançarina estava sendo perseguida pelo ex

A polícia apura se o crime foi premeditado e se a dançarina realmente morreu na segunda, como afirmou o suspeito

Por Paula Felix
Atualização:
Ana Carolina Vieira foi encontrada morta em seu apartamento na zona sul Foto: REPRODUÇÃO

Familiares e amigos da dançarina Ana Carolina de Souza Vieira, de 30 anos, que foi encontrada morta em seu apartamento na última quarta-feira, 4, dizem que a jovem estava sendo perseguida e intimidada pelo ex-namorado Anderson Rodrigues Leitão há dois meses, quando romperam um relacionamento de um ano e oito meses.

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Mãe de Ana Carolina, Antônia Vieira Holanda viajou de Fortaleza para São Paulo e prestou depoimento nesta quinta-feira,5, no 95° DP (Heliópolis). "Tudo começou a desandar depois que ela se inscreveu para o concurso para bailarina do Faustão. Foi quando começou o problema de posse e de ciúme. Ela sofreu pressão psicológica."

Segundo a Polícia Civil, Leitão tem antecedentes criminais, inclusive por violência contra a mulher. "Tem um registro de outubro de 2013 de violência doméstica em Fortaleza e ele foi preso em agosto de 2014 por tráfico de drogas em Florianópolis. Ele foi condenado em setembro deste ano a cinco anos e dez meses de prisão e disse que traficava lança-perfume", diz o delegado Carlos Cesar Rodrigues, titular do 95° DP.

Rodrigues afirma que o suspeito também tem um perfil violento e que danificou o elevador do prédio da bailarina há cerca de seis meses.

"Eles ficaram presos e ele destruiu o elevador. Foi um prejuízo de R$ 11 mil e o condomínio moveu uma ação contra ela." Ana Carolina foi condenada por não ter comparecido à audiência, realizada na última terça-feira, quando já estava morta.

Uma amiga da dançarina, que não quis se identificar, disse que Ana Carolina reclamava há um mês da pressão do ex-namorado. "Ela falou que ele estava ligando demais e importunando." Uma tia e uma prima da vítima confirmaram as queixas. "Ele já ligou 100 vezes no mesmo dia para ela", disse a dona de casa Margarida Ferreira, tia da dançarina.

A polícia apura se o crime foi premeditado e se a dançarina realmente morreu na segunda, como afirmou o suspeito, por causa do avançado estado de decomposição do corpo.

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Quando foi preso, Leitão estava com o celular e cartões da vítima, R$ 800, US$ 700 e 80 libras. A polícia também encontrou maconha e drogas sintéticas no apartamento onde Leitão teria ficado com o corpo da vítima por dois dias. Ele confessou ter consumido drogas. 

De acordo com o delegado, o suspeito afirmou em depoimento que houve uma discussão que motivou o crime e que ele teria dito que Ana Carolina estava trabalhando como garota de programa. A família nega.

"O que está me incomodando é o fato de ele querer denegrir a imagem dela. Se ela era a mulher da vida dele, com quem ele queria ter filhos e casar, como virou garota de programa?", questionou a mãe da vítima.

Antônia afirmou que Leitão enviou mensagens pelo celular para a família da vítima se passando por Ana Carolina, informação que foi confirmada pelo suspeito à polícia.

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A mãe da dançarina contou ainda que chegou a ser informada pela filha que Leitão estava no prédio. "Ela queria ligar para a polícia e eu não deixei. Até me senti culpada, mas pensei na dor da mãe dele. Só que jamais imaginei que ele mataria minha filha, foi crueldade pelo simples fato de não dar o direito de ela ter liberdade de escolher. Ela não queria mais ele e ele não aceitou."

Leitão foi indiciado por homicídio triplamente qualificado e está no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros. A advogada dele, Sara Insfran Furlanetto, diz que conversou por menos de dez minutos com seu cliente e que ainda não há "uma tese da defesa". "Ele não é o monstro que estão querendo pintar. Ele também tem projetos. Aconteceu uma fatalidade que tem de ser apurada."

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