Curiosidades: o Jardim Europa e a Loja do Japão

O dono da chácara que deu origem ao bairro era também proprietário de um dos primeiros estabelecimentos da cidade a vender produtos orientais importados. Conheça essa e outras histórias relacionadas ao bairro

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Por Redação
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Morador do Jardim Europa, proprietário da chácara que daria origem ao bairro, o português Manoel Garcia da Silva abriu no centro da cidade, em 1884, um dos primeiros estabelecimentos comerciais a trazer referências orientais para a capital. Era a Loja do Japão.  Segundo o Arquivo Histórico Municipal, o local era um bazar de variedades, além de oferecer produtos importados da China e do Japão, charutos e rapés. Até a virada do século, ocuparia endereços diversos naquele logradouro. Primeiro, no número 42. Depois, entre 1899 e 1900, no 34, uma sede provisória durante a construção do novo prédio no original 42. A edificação era um projeto do engenheiro Maximilian Hehl (1861-1916). A loja ainda funcionaria em um quarto endereço, na Rua São Bento, número 34, ocupado antes pela sucursal do Grande Hotel. Quando decidiu converter seus pantanosos 900 mil metros quadrados, próximos ao rio Pinheiros, em um bosque charmoso e habitado, loteando vários terrenos, Garcia da Silva enfrentava dificuldades financeiras na Loja do Japão. Seu principal credor eram os irmãos Klabin, a quem convidou para se associar no empreendimento e torna-lo viável. Deu certo.

MIS é motivo de briga no Jardim Europa desde sua criação Foto: Paulo Liebert/Estadão

Todos os anos, Garcia promovia em sua casa uma grande festa em homenagem ao padroeiro da paróquia do Jardim Europa, São José.  Conheça outras informações curiosas sobre o Jardim Europa e suas origens.1. Moradores dizem não ao MISNesta edição de 26 de junho de 1974, o Estadão noticia o que talvez tenha sido o primeiro desentendimento entre moradores do Jardim Europa e o Museu da Imagem e do Som, o MIS. Na época, os habitantes protestavam contra a construção do espaço, sob o argumento de que a edificação não obedecia "às normas vigentes para aquele bairro".  "Segundo os autores da ação", diz a reportagem, "o bairro do Jardim Europa foi criado com características próprias, imitando as do Jardim América, visando a garantir aos compradores de terrenos ali localizados a sua condição de zona residencial. 'Até suas ruas - acentuam os requerentes - foram traçadas com plano denominado antitrânsito, com a finalidade de dificultar o trânsito, proteger os pedestres (principalmente os velhos, as crianças e as senhoras) e desorientar estranhos que pretendem invadir os seus domínios).'" O MIS, que fica na Avenida Europa, completou 45 anos em 2015. E depois de junho de 1974 já foi alvo de outros protestos de moradores do bairro. Em 2014, eles pediam a saída do museu. Em resposta, outros paulistanos organizaram um churrasco de "gente diferenciada", em frente à instituição.2. Chico Buarque na inauguração do shopping  O Shopping Iguatemi divide (mais ou menos) com o Conjunto Nacional o título de mais antigo da cidade. Na genética dos centros de consumo da capital, ele costuma ser considerado o primeiro, ainda que o empreendimento do Jardim Paulista, hoje ocupado principalmente pela Livraria Cultura e muitos escritórios, tenha sido inaugurado em 1958 com o título de primeiro shopping center da América Latina. Sobre a inauguração do Iguatemi no Jardim Europa, porém, podemos dizer que foi um acontecimento, do tipo que transformou a relação das pessoas com o consumo. As lojas "chiques" da Augusta mudaram para lá. A inauguração ocorreu em 1966 e teve show do Chico Buarque. Saiba mais sobre a festa e o clima na cidade naquele tempo. 3. Uma avenida ilustradaA Avenida Europa é conhecida como a "avenida dos carrões", porque concentra uma enorme quantidade de lojas de automóveis importados e caríssimos. Mas ela não é só isso. É ilustrada, porque reúne três importantíssimos museus paulistanos: a Fundação Cultural Ema Gordon Klabin (na esquina com a Avenida Portugal), o Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS, no número 158) e o Museu Brasileiro da Escultura (Mube, no 218).

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