Curativos 'tratam' buracos de SP

Grupo denuncia imperfeições de passeios

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Por Juliana Deodoro
Atualização:

A preocupação com questões urbanas como trânsito, poluição, ruído e mobilidade motivou seis jovens a intervir de forma criativa nas ruas e calçadas de São Paulo e do Rio. Durante o mês passado, o grupo formado por publicitários, jornalistas e arquitetos colou mais de cem curativos em buracos de calçadas das duas cidades.

O projeto batizado de Curativos Urbanos tem o objetivo de conscientizar a população e o poder público sobre as dificuldades de locomoção. Segundo a publicitária Jeniffer Heeman, da organização, a iniciativa foi a primeira de uma série que eles pretendem fazer. "Começamos pelas calçadas, porque a mobilidade é o mínimo que se precisa em uma cidade boa para todos", diz.

Em São Paulo, a intervenção aconteceu em dois momentos: primeiro, eles colocaram os curativos na Avenida Paulista e ruas adjacentes, no início de agosto, para ver a reação das pessoas. No fim de semana passado, o grupo "curou" passeios da região central, perto da Rua da Consolação e da Avenida São João.

Depois de colar os curativos, eles monitoram os locais, para evitar que as peças, que são coloridas e decoradas por pequenos corações, se transformem em lixo e caiam em bueiros. "Alguns curativos da Paulista foram retirados pelo pessoal da limpeza e outros pelos próprios pedestres, que levaram para casa", conta Jeniffer.

O primeiro curativo colado e acompanhado de perto pelos organizadores teve um destino, no mínimo, interessante. Um homem que passava pela avenida o retirou de um buraco para colocá-lo, algumas quadras à frente, em outro. "Ele entendeu qual era nossa proposta", comemora a publicitária.

Impacto. Para o grupo, a grande conquista foi, no entanto, a repercussão da ação. "Vimos que isso pautou uma discussão sobre a calçada. Por causa do projeto, as pessoas estão falando mais sobre o assunto, que é importante e que estava um pouco esquecido", diz Jeniffer. "Às vezes, uma ação simples e lúdica traz discussões mais positivas."

O próximo passo ainda não foi decidido. Eles estudam a criação de um aplicativo para que outras pessoas possam ajudar a mapear os buracos de São Paulo. Há planos também de levar os curativos para outras cidades. A primeira da lista é Porto Alegre.

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