Cumbica: camelôs vendem produtos até no check-in

Ilegais comercializam miudezas no aeroporto; Infraero diz que fiscalização é da prefeitura, que devolve responsabilidade para estatal

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Por Redação
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A cena é comum em semáforos ou locais de grande aglomeração, como os centros das cidades ou pontos turísticos: os pedestres passam e são assediados por vendedores de toda sorte, oferecendo vários tipos de quinquilharia. Agora, imagine em um saguão lotado, na fila do check-in e também no cafezinho, passageiros também sendo abordados pelos ambulantes. É o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, o maior do Brasil, agora também tomado pelo comércio informal.

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A reportagem do Estado foi ao aeroporto em quatro dias diferentes, em horários variados, e flagrou vários ambulantes. Nos cafés localizados no primeiro andar, entre os embarques nacional e internacional, eles abordam passageiros nas mesas.

Sacos com bloquinhos de papel, caneta e chaveiros são colocados ao lado de bandejas com salgados ou sucos, com o preço e a mensagem do vendedor em destaque.

"Quanto mais lotado o aeroporto, mais ambulantes aparecem. Os passageiros ficam meio desconfiados, principalmente os gringos", diz uma vendedora de uma lanchonete que pediu para não ser identificada. A "oferta" confunde turistas estrangeiros que, sem entender a mensagem em português, não sabem se é gratuito ou não.

Chaveiros, geralmente com a bandeira do Brasil, custam entre R$ 2 e R$ 3. "Mas faço quatro por R$ 10", oferece um vendedor a um empresário que aguardava sua mala ser embalada por um plástico protetor, antes de despachá-la no check-in. Sentindo a falta de interesse do cliente pelos chaveiros, o ambulante sacou um "cabide" cheio de cadeados para mala. Vendeu por R$ 5.

"Tem de tudo nesse aeroporto, gente vendendo, gente pedindo, só não tem segurança, policiamento. Isso eu não vejo", afirma o empresário mato-grossense Alexandre de Medeiros, de 40 anos.

Do lado de fora do aeroporto, na fila do táxi, o forte dos ambulantes é a venda de água e chocolates. "O movimento aqui de manhã é melhor do que no centro", diz o vendedor Anastácio Silva, de 48 anos, que trabalha em Guarulhos. O delegado Ricardo Guanaes Domingues, titular da delegacia do Aeroporto de Cumbica, diz que cabe à prefeitura de Guarulhos coibir a ida dos ambulantes para o aeroporto. "Já tivemos reuniões com a prefeitura sobre isso e eles até tomaram algumas medidas, mas os ambulantes acabam voltando", disse.

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Jogo de empurra. A prefeitura de Guarulhos afirma que o problema é da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). A Infraero, por sua vez, afirma que "tem se esforçado para retirar os ambulantes de áreas públicas", mas ressalta que "não tem competência legal" para essa ação, uma vez que a área do aeroporto é pública, não privada. Desse modo, a responsabilidade caberia à prefeitura de Guarulhos - que reitera não se responsabilizar pelo que acontece dentro de Cumbica.

A estatal, no entanto, informou que faz ronda ostensiva e monitoramento eletrônico visando a identificar a presença dos ambulantes e solicitar que eles se retirem do local, além de orientá-los para que não retornem. De acordo com levantamento da equipe da Infraero em Guarulhos, os ambulantes são pessoas na faixa etária entre 25 e 40 anos.

"Além disso, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da prefeitura de Guarulhos, em parceria com a Infraero, realiza fiscalização nas áreas públicas dos terminais, visando a coibir essa prática ilegal de comércio, visto ser órgão público que tem competência para interromper esse tipo de atividade", afirma a Infraero em nota.

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