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'Crucificada' em 2015, modelo leva bíblia para Parada Gay em SP

A modelo transexual Viviany Beleboni usa fantasia de Justiça e segura Bíblia, com uma cruz sangrando e a frase "Bancada evangélica: retrocesso"; apesar de ato, ela diz que 'não pensa em fazer polêmica'

Por Felipe Resk
Atualização:

SÃO PAULO - Conhecida por encenar uma crucificação na Avenida Paulista em 2015, a modelo transexual Viviany Beleboni,  de 28 anos, resolveu usar neste ano uma fantasia de Justiça e segurar uma Bíblia, com uma cruz sangrando e a frase "Bancada evangélica: retrocesso". O carro onde vai desfilar expõe uma faixa de "Fora Temer".

Segundo afirma, a idéia da fantasia é representar a Lei de Identidade de Gênero para travestis e transexuais, tema da Parada LGBT em 2016. "Eu não penso em fazer polêmica. Quero mostrar a Justiça com uma faixa preta que tampa a visão. A Bíblia é para representar a bancada evangélica, que significa retrocesso para mulheres e LGBT." A modelo também colou notas de dólar na parte interna da bíblia. "Representa o dinheiro do povo, a forma como eles da bancada chegam ao poder."

 Foto: Felipe Resk/Estadão

"No ano passado, me acusaram de vilipendiar um.simbolo sagrado por causa da crucificação. Era uma cruz feita dois dias antes na marcenaria, eu não tirei nada da Igreja", disse. "Neste ano, a Bíblia é só um fichário imenso. É artístico,  não é vilipendiar. Vilipendiar é vender sabão em pó a R$ 70 na igreja e pedir número de cartão de crédito dos fiéis."

Participantes da vigésima edição do evento. Foto: Felipe Resk/ Estadão

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Para Viviany, a encenação faz parte da militância. "Travestis e transexuais são os mais prejudicados. Gay, quando não aparenta não ser, ainda consegue sair na rua, consegue emprego. Nos, não", disse. "O Brasil está muito atrasado em tudo."

A modelo também afirmou que chegou a receber ameaças, mas não se mostrou preocupada. "Disseram que iam atirar em mim na Parada. Ainda estou esperando", afirmou. Ela não quis comentar a faixa de "Fora Temer" do carro. "Só tenho a dizer que precisamos de eleições gerais. É uma democracia ou teocracia?"

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