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Cristo proibido vai sair na Beija-Flor

Escola vai fazer homenagem a Joãosinho Trinta

Por Roberta Pennafort e RIO
Atualização:

Atual campeã do carnaval carioca, a Beija-Flor vai homenagear Joãosinho Trinta, que foi carnavalesco da escola por 16 anos, ao relembrar um dos marcos de sua carreira: o desfile Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia, de 1989. Na época, Joãosinho colocou no sambódromo a antológica ala de mendigos - muitos interpretados por atores - e um Cristo coberto por um plástico preto - impedido de aparecer por causa de uma ação judicial impetrada pela Igreja.

O Cristo trazia a inscrição "Mesmo proibido, olhai por nós". E os mendigos "famintos" chegaram a escalar camarotes e "roubar" salgadinhos na abertura do desfile. Neste ano, estátua e esfarrapados devem encerrar a festa da escola. O diretor teatral Amir Haddad, que na época recrutou a ala, foi convocado pela atual comissão de carnaval.

"Vamos recuperar esse momento, que não é só do carnaval, mas do teatro brasileiro", disse Haddad. "Vou chamar participantes originais e mais uma vez faremos nossas próprias roupas. Estou emocionado desde o momento em que fui chamado, logo depois da morte do João. Foi muito decepcionante perder aquele carnaval."

Em 1989, a Beija-Flor ficou em segundo lugar, perdendo por meio ponto para a Imperatriz Leopoldinense, que fez uma apresentação tecnicamente impecável sobre o centenário da Proclamação da República. O desfile era o preferido do carnavalesco, que contava 12 vitórias em 31 anos de avenida. O enredo da escola neste ano é São Luís do Maranhão, cidade natal do carnavalesco.

Ubiratan Silva, da comissão da Beija-Flor, contou que Joãosinho pretendia desfilar no último carro, sentado em um trono. Depois de dois derrames, ele precisava da ajuda de uma cadeira de rodas para se deslocar.

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Mudança de planos. Com a morte do carnavalesco, em 17 de dezembro, os planos foram adaptados. "A decisão foi instantânea. A ligação entre Joãosinho, Beija-Flor e São Luís é direta. A homenagem estará no último setor, que resume as festas populares da cidade", revelou Bira, que entrou na escola um ano depois da saída de Joãosinho. "Estamos falando de várias personalidades maranhenses, como João, Alcione, Ferreira Gullar, Josué Montello, Rita Ribeiro, Zeca Baleiro. João não poderia faltar. O legado de sua linguagem artística rendeu frutos não só para a Beija-Flor, mas para o carnaval."

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