Crime violento cai em 57% do Estado de São Paulo; Itanhaém é a pior e Vinhedo, a melhor

Índice elaborado pelo Instituto Sou da Paz leva em consideração crimes como homicídio, latrocínio, estupro e roubo. Queda no número de mortes ajudou Estado a manter tendência de redução de criminalidade. Taxa é alta em cidades do litoral

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Por Marco Antônio Carvalho
Atualização:

SÃO PAULO - O risco de sofrer um crime violento caiu em 79 dos 139 municípios paulistas (57%), de acordo com o Índice de Exposição à Criminalidade Violenta (IECV), análise produzida pelo Instituto Sou da Paz a partir de indicadores da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo - o estudo leva em consideração cidades com população maior que 50 mil habitantes.

Em Vinhedo, atuação da Guarda Municipal é trunfo no combate ao crime Foto: EPITACIO PESSOA /ESTADAO

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De acordo com a análise mais recente referente ao ano de 2018, e divulgada agora com exclusividade pelo Estado, São Paulo tem um novo município mais violento: Itanhaém, na Baixada Santista, que não se reconhece em tamanho risco. A cidade onde o risco de sofrer um crime é considerado menor é Vinhedo, próximo a Campinas, onde a Guarda Municipal é um trunfo no combate ao crime. O que separa a cidade mais violenta da menos violenta do Estado são 25 homicídios, 732 roubos e 52 estupros.

Consulte o IECV de 139 cidades paulistas. Clique na cidade e veja o número. Quanto mais vermelho é a cor do município, pior é considerado o seu índice em comparação com as demais cidades do Estado

A diminuição geral do índice do Estado no ano passado pode ser atribuída à continuidade na queda do patamar de homicídios, à redução da quantidade de roubos totais, o que inclui roubos a pedestres, residências e comércios, por exemplo. Contrasta com a queda, a alta nos registros de estupro, que no fim do ano chegou a obter quedas mensais, mas fechou o ano com uma alta total.

A coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, Ana Carolina Pekny, diz que um dos fatores que mais explica a discrepância entre as cidades paulistas é a taxa de homicídio observada nelas. Cidades como Itanhaém e Lorena chegam a ter um índice por 100 mil habitantes quase quatro vezes maior que a média do Estado. “É uma incidência muito maior do que média. E como vemos a queda nos números totais no Estado, nem sempre é percebida com a devida atenção a taxa nessas cidades”, diz.

Dos 10 municípios mais expostos a crimes violentos em 2018, assim como em 2017, seis fazem parte da região de São José dos Campos: Caraguatatuba, Cruzeiro, Guaratinguetá, Jacareí, Lorena e Ubatuba.

Chama atenção também que cinco dos 10 municípios em que o IECV mais cresceu em relação a 2017 estivessem naquele ano entre aqueles com a menor exposição a crimes violentos: Jaú, Mococa, Jaguariúna, Indaiatuba e Santos.

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O caso que mais chama atenção é o de Ibitinga: destacado em 2017 como o município que apresentou a maior redução no IECV (-54%), assumiu o topo entre os municípios com maior aumento do IECV em 2018.

Na outra ponta, quatro dos 10 municípios que mais reduziram o IECV em relação ao ano passado estão localizados na região de Ribeirão Preto (Franca, Olímpia, Taquaritinga e São Joaquim da Barra), com quedas no índice entre 37% e 57%.

A queda mais expressiva entre os municípios em 2018 foi do IECV de Vinhedo, com uma redução de 61%. Figuram ainda na lista das dez cidades menos expostas à criminalidade São José do Rio Pardo, São Caetano do Sul, Santa Bárbara d’Oeste e Americana.

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A pesquisadora Ana Carolina Pekny lembra que a atuação da polícia nem sempre é uniforme em todo o Estado, apesar de existirem protocolos para guiar essa atuação. Além disso, lembrou ela, há ainda questões próprias de cada município, como as relacionadas à prevenção, implementação de políticas sociais e fatores socioeconômicos. “A situação da segurança na cidade não passa só pela polícia”, disse.

O IECV é calculado a partir da média ponderada de três subíndices: crimes letais (homicídio e latrocínio), crimes contra a dignidade sexual (estupro) e crimes contra o patrimônio (roubo – outros, roubo de veículo e roubo de carga). O índice foi criado pelo Instituto Sou da Paz para facilitar uma avaliação que agregue várias dimensões da violência e da segurança pública no estado de São Paulo, avaliando diferentes tendências criminais e permitindo uma comparação das estatísticas entre cidades e distritos policiais ao longo do tempo.

Estado está no caminho certo, diz Secretaria da Segurança

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública diz que “o relatório elaborado pelo Instituto Sou da Paz revela que as polícias públicas adotadas no combate à criminalidade estão no caminho certo, vez que a grande maioria dos crimes no Estado apresentaram redução”.

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A pasta diz que desde o início do ano, esse trabalho tem sido aprimorado com a realização de “megaoperações pelas polícias Civil e Militar que garantiram a manutenção da queda da criminalidade em São Paulo”.

Em relação aos dados específicos de Itanhaém e as cidades do Vale do Paraíba, a secretaria diz que é importante destacar que “cada região possui características geográficas, sazonais e sociais diferentes e o policiamento é orientado de acordo com a realidade local”. “Medidas para reforçar o policiamento nessas áreas já estão sendo tomadas, como a realização das Operações integradas no Vale do Paraíba, as Operações São Paulo Mais Seguro e Rodovia Mais Segura, além das ações locais que permitiram a prisão de 6.018 criminosos e na apreensão de 533 armas e 4,9 toneladas de drogas somente nessas duas regiões.”