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CREMATÓRIO NÃO PODE MAIS JOGAR CINZAS NO JARDIM

Área verde da Vila Alpina agora é reservada só para os rituais das famílias

Por Diego Zanchetta
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo proibiu que funcionários do Crematório da Vila Alpina, na zona leste, depositem "cinzas de caixões, de roupas e de afins" em uma área ajardinada dentro do complexo. O espaço verde com dezenas de árvores, onde são colocados restos que sobram do processo de cremação, também passou a ser usado por famílias que resolvem cinzas de seus parentes no local.

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Bem ornamentado e com pelo menos 24 espécies de plantas, o jardim do único crematório da capital paulista tem montes de cinzas espalhadas por todos os cantos. Na Vila Alpina são cremados, em média, 25 corpos por dia. Em cada processo de cremação, além do material entregue para as famílias, sobram cerca de 200 gramas de vestígios de roupas e do caixão - são jogados na área verde do crematório cerca de 5 quilos de cinzas diariamente, em média, pelos funcionários do crematório.

Segundo o Serviço Funerário Municipal, a nova ordem tem como alvo evitar que esses restos do processo de cremação, que hoje acumulam no jardim, tenham que ser levados para um aterro licenciado da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). O órgão admite que muitas famílias passaram a jogar restos mortais de seus parentes na área verde. Não existe, porém, nenhum veto em relação às famílias.

Aos pés de cada árvore, pessoas colocam cinzas logo após o processo de cremação. A opção das famílias pela área verde do crematório aumentou depois que as cinzas que resultam dos ossos queimados e triturados passaram a ser entregues em sacolas plásticas brancas, por causa da falta de urnas de madeira desde novembro de 2011.

O uso do jardim como depósito de cinzas aumentou tanto nos últimos dois meses que uma placa que proíbe rituais com velas foi instalada na entrada pela Prefeitura. Cada árvore do jardim é ornamentada com enfeites como corações de cartolina e plaquinhas de madeira com a inscrição "vovô, eu te amo". Segundo relatos de funcionários, a administração do crematório orienta para que nenhum resto deixado pelos parentes seja removido.

No fim da tarde de terça-feira a reportagem contou 56 pequenos montes de cinzas acumulados no jardim. "As pessoas percebem a paz do lugar, o silêncio, as árvores, e acabam fazendo seu ritual", contou à reportagem uma das administradoras do crematório, que pediu para não ter o nome divulgado.

Sem risco. O jardim faz parte dos 136 mil metros quadrados de área verde do crematório, local que fica o dia todo ocupado por jovens que empinam pipas. O governo municipal diz que essas cinzas jogadas no jardim não oferecem qualquer risco de contaminação. "Importante ressaltar que o processo de cremação é o suficiente para transformar esses resíduos em inertes, eliminando qualquer tipo de risco de contaminação ao solo. Trata-se do mesmo processo utilizado para a descontaminação dos resíduos de serviços de saúde, que são submetidos a altas temperaturas e as cinzas resultantes encaminhadas para aterros", afirma a Prefeitura.

A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Serviços acrescenta que a proibição do depósito de cinzas por parte de funcionários é só para evitar o acúmulo excessivo do material.

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