Bruno Covas proíbe motos na pista expressa da Marginal Pinheiros

Restrição para motociclistas na via valerá a partir de maio; plano para reduzir acidentes de trânsito também cria ‘áreas calmas’ com limite de 30km/h

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Por Isabela Palhares
Atualização:

SÃO PAULO - O prefeito Bruno Covas lançou nesta quarta-feira, 17, um plano de segurança para reduzir o número de acidentes no trânsito de Sao Paulo, que prevê a redução de velocidades em algumas regiões da cidade e veta motos na pista expressa da Marginal do Pinheiros. A ação prevê a criação de "áreas calmas", com velocidade máxima de 30km/h.

Motos serão proibidas na pista expressa da marginal Pinheiros Foto: Felipe Rau/Estadão - 21/5/2018

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A redução vai na contramão da política de trânsito adotada por seu antecessor, o governador João Doria que aumentou os limites de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros. Segundo Covas, a medida adotada em 2017 vai ser mantida. "Foi um compromisso combinado com a população. Não posso agora fazer algo diferente", disse.

Motos devem ser proibidas na Marginal Pinheiros até maio

Entre as ações previstas para a marginais está a proibição da circulação de motos na pista expressa da Marginal do Pinheiros, no sentido Interlagos/Castelo Branco, como já ocorre na Marginal do Tietê. "As marginais são pistas expressas e assim devem ser tratadas. O principal fator de acidentes nessas vias são as motos, por isso, a ação adotada será esta", disse Edson Caram, secretário de Mobilidade e Transportes.

A mudança deverá ocorrer até maio. A proibição às motos já ocorre nas pistas expressa e central da Marginal do Tietê, entre as 6h e 22h. O veto no sentido Interlagos da Marginal do Pinheiros ainda não é possível, pois há pontos em que não há divisão entre pista local e expressa. Segundo Caram, a CET estuda uma forma de fazer a separação. 

Especialistas em segurança de trânsito consideram ser importantes as ações anunciadas pelo prefeito. No entanto, alertam que elas são ainda "passos iniciais" para reduzir as mortes desse tipo. "É preciso aumentar a fiscalização, mas que seja inteligente e voltada para a redução de mortes. Hoje, a fiscalização na cidade é voltada para estacionamento irregular ou em área de zona azul. Não para identificar e coibir quem tem atitudes que matam", diz Horácio Figueira, especialista em trânsito e transportes.

Segundo ele, a proibição do tráfego de motociclistas na pista expressa das marginais ajuda a reduzir os acidentes, mas seu efeito é apenas local. "A proposta é boa, mas o efeito vai ser localizado. Podemos ter redução de mortes de motociclistas, mas apenas na marginal. Isso não é suficiente".

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Áreas calmas

As medidas estão no Plano de Segurança Viária 2019-2028 e prevê a alocação de R$ 35 milhões para as intervenções de segurança viária, com a criação de quatro "áreas calmas"até 2020- em Santana, São Miguel Paulista, Lapa e Centro -  e "rotas escolares seguras". Nessas áreas, a redução da velocidade não deve acontecer apenas pela imposição de novos limites, mas pela aplicação de transformações no viário, como estreitamento de pistas, instalação de lombadas e faixas de pedestre elevadas, maior tempo de travessia para pedestre e alargamento de calçadas. 

Em 2016,  Fernando Haddad havia implementado na cidade áreas com limite máximo de 30 km/h, chamadas de "Área 30". A primeira foi instalada em um quadriláteto da Lapa. 

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Consultor e especialista em trânsito, Luís Celio Bottura diz que a redução de velocidade nas chamadas "áreas calmas" pode ter um impacto positivo, mas considera a medida ainda "muito tímida". "No centro de São Paulo, por exemplo, deveríamos ter uma política que privilegiasse o pedestre. O veículo que circula por lá deveria ter ali um 'complexo de intruso', como já vemos em várias capitais de países europeus. As medidas anunciadas são boas, mas precisamos ser mais rigorosos". 

Segundo o prefeito, as ações pretendem reduzir o alto número de mortes na cidade. A meta da gestão é chegar a 2020 com o índice de mortes no trânsito a 6 a cada cem mil habitantes. No ano passado, a cidade registrou 884 mortes, segundo dados do Infosiga, do governo do Estado. 

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