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Coronel acusado de mandar matar juíza é preso no Rio

Segundo polícia, ex-comandante do 7º Batalhão, de São Gonçalo, teria 'fomentado subordinados' ao crime; ele se entregou ontem

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Por Redação
Atualização:

O tenente-coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira, ex-comandante do 7.º BPM (São Gonçalo), é apontado pela Polícia Civil do Rio como autor intelectual da execução da juíza Patrícia Acioli, em 11 de agosto. O oficial teve a prisão decretada na noite de segunda-feira e se entregou no Batalhão de Choque ontem. Ao todo, dez PMs estariam envolvidos no crime - 9 já presos. Oliveira foi apontado como mandante do crime por um dos cabos da PM já presos pelo assassinato da magistrada. O policial, que estaria sofrendo ameaças, fez acordo com a Justiça e obteve o benefício da delação premiada. Ele e a família já foram incluídos no programa de proteção. De acordo com o delegado Felipe Ettore, titular da Divisão de Homicídios (DH), o tenente-coronel "articulou" o crime e "fomentou seus subordinados" a assassinar a juíza. Patrícia já teria informações de que Oliveira participava das execuções dos grupos de extermínio formados por PMs e de esquemas de corrupção. O delegado informou que a "trama diabólica" para a execução de Patrícia começou em abril ou maio. "Há testemunhas de que a juíza gostaria de prendê-lo. Ela estava buscando elementos para comprovar a participação dele em crimes", diz. Segundo o depoimento do cabo da PM, houve duas tentativas anteriores de matar Patrícia. No dia do crime, os policiais já haviam sido informados que ela teria determinado a prisão deles pela morte do adolescente Diego Beliene. Mesmo assim, os PMs foram pressionados pelo tenente Daniel Benitez e decidiram pôr o plano em prática. Ainda segundo o PM, as armas e parte da munição usadas eram produto de apreensões. Outra parte da munição pertencia ao 7.º BPM. O policial informante afirmou que o tenente-coronel tinha "um relacionamento bem estreito" com Benitez. Ele teria informado ao chefe sobre a morte da juíza. Já preso, recebeu a visita de Oliveira. O tenente-coronel prestou depoimento ontem à DH. "Eu acredito na Justiça, sou inocente e tenho certeza de que isso vai ficar provado", disse, ao chegar. Por determinação da Justiça, o oficial será encaminhado para o presídio de segurança Bangu 8. Pertinência. A revelação de que Patrícia Acioly pretendia prender o comandante do batalhão de São Gonçalo não alterou a opinião do presidente do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, sobre a falta de segurança e escolta armada para a magistrada. Desde a execução da juíza, o desembargador argumenta que o TJ-RJ não tinha conhecimento sobre qualquer ameaça à vida dela. "Você sabia disso naquela época? Se você sabia, deveria ter avisado ao Tribunal. Sua pergunta não tem pertinência", afirmou Rebêlo dos Santos, muito alterado. A revelação da participação do tenente-coronel no crime ainda provocou constrangimentos à cúpula da Segurança. Quinze dias após a execução de Patrícia, o oficial foi transferido do 7.º BPM para o 22.º BPM (Maré) - o que foi interpretado como uma promoção. Ele até sugeriu, e a Secretaria de Saúde acatou, o fechamento da UPA da favela da Maré, por causa dos frequentes confrontos entre policiais e traficantes. Ontem, o secretário José Mariano Beltrame alegou que não poderia tomar nenhuma iniciativa de punir o oficial antes da apresentação de indícios de irregularidades. /ALFREDO JUNQUEIRA, BRUNO BOGHOSSIAN, FÁBIO GRELLET e TIAGO ROGERO

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