30 de março de 2011 | 00h00
Em depoimento à Justiça Federal, ontem, os controladores de voo Jomarcelo Fernandes dos Santos e Lucivando Tibúrcio de Alencar negaram responsabilidade no acidente aéreo entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, que matou 154 pessoas, em agosto de 2006, em Mato Grosso.
O Ministério Público manteve a acusação de atentado à segurança do tráfego aéreo, por agir com "negligência e omissão", segundo a procuradora da República Amalícia Hartz. Se condenados, eles podem pegar de 2 a 5 anos de reclusão, mais multa.
Eles estavam de serviço na hora do acidente na torre de Brasília e não tiraram os aviões da rota de colisão. A asa do Legacy rasgou a fuselagem do Boeing, que caiu. Avariado, o Legacy conseguiu pousar em segurança.
Hoje e amanhã, a Justiça toma por videoconferência os depoimentos dos pilotos do Legacy, os americanos Joseph Lepore e Jan Paladino, que vivem nos Estados Unidos. Eles respondem pelo mesmo crime, por terem desligado o transponder do Legacy, equipamento que auxilia na localização das aeronaves e poderia ter evitado o acidente.
Segundo o juiz federal Murilo Mendes a fase processual termina após esses depoimentos. A sentença deve sair em abril.
Jomarcelo estava no comando na hora em que o Legacy sobrevoou Brasília. Ele passou para o colega que o rendeu, Lucivando, a informação errada de que a aeronave voava a 36 mil pés. Jomarcelo também ignorou o aviso de Lepore de que voavam a 37 mil pés. Ele disse que tem nível de proficiência 1 em inglês, em uma escala de até 5. A legislação internacional exige nível 4.
Lucivando chorou ao lembrar do acidente e disse que percebeu tarde que os aviões estavam em rota de colisão. A aeronave já estava na chamada zona cega, onde instrumentos de radar não funcionam, perto da Serra do Cachimbo. E disse que não recebeu, por falhas que não soube explicar, os pedidos de orientação feitos pelos pilotos do Legacy.
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