Contra multa na Marginal do Tietê, caminhoneiros ameaçam paralisação

Caminhões na via fora do horário permitido serão autuados em R$ 85,13; sindicato quer interromper circulação de combustível e mercadorias

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

A multa para circulação de caminhões na Marginal do Tietê e em outras 25 vias da capital paulista de segunda a sexta, das 5h às 9h e das 17h às 22h, e nos sábados, das 10h às 14h, começa hoje sob ameaça de greve de caminhoneiros. Eles prometem criar uma crise de abastecimento, interrompendo o transporte de mercadorias e, principalmente, de caminhões-tanque que distribuem combustíveis aos postos, até que seja aberta uma nova negociação com a Prefeitura para rever a restrição.A paralisação foi decidida na manhã de ontem, na sede do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP). A entidade diz representar cerca de 250 mil caminhoneiros que atuam no Estado - mas não é a única do setor. O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (Setcesp), por outro lado, diz que não vai organizar manifestações parecidas.Os caminhoneiros combinaram dois tipos de protestos: o primeiro vai bloquear os três centros de distribuição de combustível da Região Metropolitana - no Ipiranga, na zona sul, e nas cidades de Guarulhos e de Barueri -, a partir da meia-noite de hoje. O segundo consistiria em parar caminhões pela cidade, onde quer que eles estivessem, a partir das 4 horas.O presidente do Sindicam, Norival de Almeida Silva, diz que a categoria vai manter a manifestação até a Prefeitura abrir novas negociações. A entidade diz ter participado de diversas reuniões com a cúpula da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), mas nenhuma das sugestões propostas pelo caminhoneiros foi aceita, segundo o sindicato."Essa medida tem um custo. Um caminhão que transporta uma mercadoria da Vila Maria (na zona norte) até a Rodovia Castelo Branco percorre 30 km. Com a restrição, vai percorrer 143 km. O frete vai aumentar. Quem você acha que pagará por isso? A cidade toda. É isso que tem de ser discutido", afirma.Em dezembro, quando a restrição foi anunciada, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) chegou a dizer que a medida aumentaria a inflação "no País todo", por causa dos aumentos nos custos do frete, da mão de obra, que passaria a receber adicional noturno, e de segurança, para evitar assaltos durante a madrugada.Sem recuo. A Prefeitura afirma que a restrição ao trânsito dos caminhões na Marginal do Tietê já foi discutida com empresários de transportes e da indústria e que não haverá novas alterações no projeto - que já sofreu dois adiamentos e teve os horários da proibição relaxados. Em nota, a CET disse que "a implantação dessa restrição faz parte de um conjunto de medidas que a atual administração tem realizado com o intuito de reduzir as ocorrências envolvendo caminhões e que geram interferências no sistema viário principal nos horários mais críticos". O texto diz também que "com esta medida, a CET espera ter um ganho de cerca de 20% na velocidade média dos veículos que circulam pela Marginal do Tietê". Por dia, a Marginal recebe 75 mil caminhões.Mudanças. Desde o começo do ano, a Prefeitura já considerava a Marginal como via restrita aos caminhões, mas a portaria que instituiu a cobrança da multa, de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira, só foi publicada anteontem no Diário Oficial da Cidade.Há uma série de produtos que estão excluídos da restrição: trânsito de produtos perecíveis, veículos de urgência, socorro mecânico e coleta de lixo, entre outros. Mas as exceções também têm horários específicos de liberação e ocorrem mediante cadastro na CET.O processo de restrições aos caminhões começou após a inauguração do Trecho Sul do Rodoanel Mario Covas. A justificativa para a restrição era forçar os caminhoneiros que não têm São Paulo como ponto de origem nem de destino do frete a utilizar a nova pista, mas os Trechos Leste e Norte do Rodoanel ainda não estão prontos. "Sem o Rodoanel não dá para fazer esse tipo de restrição", argumenta o presidente do Sindicam.

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