Construtoras já tentam comprar casas vizinhas

Moradores esperam melhorias na infraestrutura da Vila Prudente e, com a valorização trazida pelo metrô, muitos negociam imóveis No início, funcionamento será das 10h às 15h

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Nova estação.

No início, funcionamento será das 10h às 15h

 

 

PUBLICIDADE

 

 

A chegada do metrô já provoca mudanças na Vila Prudente, bairro da zona leste ainda caracterizado por maior quantidade de casas do que de prédios e pela grande quantidade de idosos que ali vivem. Enquanto os moradores estão na expectativa de melhorias na infraestrutura, comércio e nas opções culturais do bairro, as construtoras já buscam locais para erguer empreendimentos. E muitos moradores já começaram a ser procurados para as negociações de terrenos. É o caso da engenheira Solange Higa, de 45 anos, que vive no bairro paulistano praticamente desde que era criança - só mudou para a região central na época da faculdade. Nesse tempo, ela presenciou algumas mudanças locais, mas diz que as mais significativas devem vir após a inauguração da estação.Mesmo antes da chegada do metrô, o bairro já começou a passar por um processo de valorização. Prova disso, contam os moradores, é que muitos imóveis antes eram isentos do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e acabaram incluídos na última revisão dos valores venais, no fim do ano passado. Valorização. "Eu estou em negociação com uma construtora, que está tentando comprar todo um quarteirão para erguer um empreendimento. E meu imóvel já está valendo 60% a mais do que há pouco tempo", completa Solange. Ela afirma que pretende vender sua casa e comprar outra no mesmo bairro. "Tenho um rottweiler e meu marido, uma bateria. Temos de continuar numa casa e de preferência aqui, para ficar perto da família. Aqui é tudo familiar", completa. Outros moradores relatam que alguns imóveis já foram vendidos pelo dobro dos preços que valiam há pouco tempo para construtoras. Dados de órgãos que operam no setor imobiliário - Creci, Secovi, Embraesp - mostram que a valorização na Vila Prudente segue uma escalada histórica. Os preços chegaram a aumentar entre 30% e 40% durante as obras e devem ganhar novo impulso quando o sistema entrar em operação.Especula-se também que um terreno abandonado ao lado da estação vai dar lugar a um supermercado de uma grande rede. Com a modernidade, deve vir um aumento no custo de vida, mas isso por enquanto não parece assustar os moradores. "A única coisa que tenho medo com a inauguração da estação é de que essas ruas do entorno fiquem lotadas de camelôs", diz a contadora Isabel Neves, de 49 anos. Ela afirma que o principal benefício da estação será não precisar mais enfrentar o trânsito do horário de pico na Avenida Luís Ignácio Anhaia Mello. Atualmente, ela gasta 50 minutos todas as tardes para ir até a Estação Sacomã (também na Linha 2-Verde) para buscar a filha que retorna da USP. Por outro lado, outros moradores receiam que sejam implementadas vagas de Zona Azul perto da futura estação, o que pode acabar com o costume no bairro de parar os carros nas ruas, na frente das casas.Comércio. Outra expectativa na região é de que a inauguração da Estação Vila Prudente impulsione o comércio local. "O comércio do bairro ainda é muito ruim e não temos muitas opções culturais. Por isso ainda há muitas áreas aqui dentro que estão degradadas", diz Solange Higa. Quem já tem seu estabelecimento acredita que o movimento de passageiros vai melhorar os negócios e diz que uma nova concorrência não será prejudicial. "Certamente vai ter mais concorrência. Mas eu acredito no meu produto e no meu trabalho", diz Valmir Marsola, proprietário da Benditas Fritas, próximo do terminal de ônibus. As obras do metrô já chegaram a prejudicá-lo, quando sua rua ficou interditada e ele precisou ficar uma semana com a família em um hotel. "Mas o metrô deve ser bom, deve aumentar a segurança daqui. Só não quero que encha o bairro de carroceiros, vendendo alimentos, como acontece em outros lugares", afirma. /EDUARDO REINA e RENATO MACHADO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.