Construção na areia reduz tamanho da praia no Guarujá a longo prazo

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Por doutora e pesquisadora científica do Instituto Geológico Estadual
Atualização:

SÃO PAULO - Os quiosques, assim como qualquer estrutura física instalada na faixa de areia de uma praia, bloqueiam o trabalho do vento. Eles ocupam a faixa que chamamos de "pós-praia", onde fica o estoque de areia. São esses os sedimentos usados pela própria natureza para refazer a praia após um evento extremo, como uma ressaca. Mas a impermeabilização provocada pelas construções fixas reduz esse movimento de transporte da areia pela força da onda ou pelo vento. Com o tempo, a praia diminui.

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É o que ocorre na Enseada, no Guarujá. Basta andar pela orla para notar as diferenças. Nos trechos de areia com presença maciça de quiosques, a faixa de areia é menor. Já onde eles são escassos, até dunas são formadas no calçadão. Em determinadas épocas do ano, ela avança até a avenida. É justamente nesse ponto que a praia está mais próxima de sua integridade original.

As barracas, se instaladas sempre no mesmo local, também provocam danos à praia. É o que ocorre, por exemplo, na Praia de Pernambuco, também no Guarujá. Lá, para piorar, há mansões à beira-mar. A faixa de areia praticamente sumiu. Esse uso intensivo da areia, em determinadas situações, resulta em prejuízos irrecuperáveis.

Toda ação prevista para recuperar ao menos uma parte da estrutura natural é bem-vinda. Retirar os quiosques da areia da Enseada vai ajudar. Até porque há outras questões envolvidas, como a sujeira e o descarte de esgoto e de óleo de cozinha, que, às vezes, é feito na praia.

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