
11 de dezembro de 2011 | 03h04
"Os conjuntos habitacionais ficaram piores que as favelas", lamenta a presidente da associação de moradores, Cida Neves Moraes, de 49 anos, que aos 7 mudou com a família da Praia do Pinto para a Cidade Alta.
Cida diz que, pelo fato de o conjunto não ser reconhecido como favela, não foi contemplado em programas como o antigo Favela Bairro e o atual Morar Carioca. "Por que não podem fazer aqui o que fazem na Mangueira, na Rocinha, no Cantagalo?"
Professor da PUC-RJ e de uma das escolas municipais da Cidade Alta, o historiador Mario Brum fez sua tese de doutorado sobre o conjunto habitacional. Uma das razões da favelização da área, segundo Brum, é o fato de que, depois da transferência dos moradores, o poder público não acompanhou a adaptação das famílias. "Eles (os moradores) ficaram sem pai nem mãe. E, quando não tem a presença do Estado, vale a lei do mais forte."
Mas Cida reconhece que as mazelas da Cidade Alta não são culpa apenas do poder público. "A Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) passa aqui três vezes por semana, mas o pessoal deixa o lixo na rua todo dia. Não adianta falar."
Bem-estar. Em nota, a Assessoria da Imprensa da Secretaria Estadual de Habitação informou que um dos pontos do Plano Estadual de Habitação de Interesse Social (PEHIS), em elaboração, é não apenas reduzir o déficit habitacional, mas garantir o bem-estar dos moradores beneficiados por novos conjuntos habitacionais e pela recuperação dos já existentes. Na Cidade Alta, segundo a secretaria, foram investidos neste ano R$ 9 milhões em obras. Os moradores, no entanto, não estão satisfeitos. "Na favela onde moro, tem umas ratazanas grandes", diz Patrícia de Oliveira Rocha dos Santos, de 14 anos, aluna da escola onde Mario Brum leciona. "Favela não, comunidade", corrige a amiga Tatiana de Souza David. / L.N.L.
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