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Condomínio cria plano de guerra durante crise

Administração de prédios no Jaguaré vai emitir cores de alerta de acordo com a gravidade da situação e fazer ranking dos moradores que mais gastam

Por Rafael Italiani
Atualização:

SÃO PAULO - Um condomínio no Jaguaré, zona oeste da capital, elaborou um plano de guerra contra o desperdício de água. A administração prepara uma ofensiva contra os "gastões", com base em um ranking que vai elencar os "procurados" por maior consumo. Caso a artilharia não resolva, serão emitidos alertas por cor, como em ações de combate ao terrorismo, de acordo com a gravidade da situação. Hoje, vale a cor laranja. Caso a falta de água se agrave, com racionamento de cinco dias sem água e dois com abastecimento, secando o reservatório de 350 mil litros dos prédios, será decretada a cor vermelha. "É como se fossem alertas usados em guerra. Atualmente, nosso reservatório dura 2 dias e meio. Agora queremos que ele dure cinco", explicou o empresário Vinicius Saraceni, de 37 anos, do conselho administrativo do Condomínio Horizons e um dos idealizadores do plano. O esquema foi aprovado por conselheiros, anteontem, e vai ser apresentado nesta semana para os moradores. Na cor laranja, a primeira do plano de contingência, a meta é reduzir em 55% o consumo de água nos 392 apartamentos, distribuídos por sete torres. Nesse estágio, também está valendo a lista de "procurados" por desperdício. Um levantamento feito pelos gestores do prédio aponta que cada família gasta, em média, pouco mais de 16 mil litros por mês. A ideia é baixar o consumo para 9 mil litros. "Estamos prevendo, em uma menor escala, tudo o que a Sabesp está implementando em São Paulo. Tem famílias aqui que estão gastando 60 m³ por mês", disse. Mas, caso uma família apareça no ranking, a identidade dos "gastões" será preservada. "A ideia é ir até o apartamento, ver se há algum vazamento. Caso não tenha problema nenhum, a ficha da pessoa vai cair, e ela vai perceber que está desperdiçando. É uma forma educativa de conscientizar", afirmou Saraceni.

Um levantamento feito pelos gestores do prédio aponta que cada família gasta, em média, pouco mais de 16 mil litros por mês. Foto: Ed Ferreira/Estadão

Para incentivar a economia, o condomínio vai pagar a conta de água dos dois apartamentos que mais reduziram o consumo no mês. Também está em estudo formas de multar moradores que não reduzam o consumo de água.

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Vermelho é rodízio.

O plano de contingência já estava sendo pensado pelo condomínio. Mas só foi colocado em discussão após a possibilidade de um rodízio severo. Se as medida não surtirem efeito, a crise se agravar e a Sabesp decretar o racionamento, o condomínio vai emitir o alerta vermelho, cortar o fornecimento dos moradores por até 12 horas e discutir medidas de armazenamento de água dentro dos apartamentos, com galões de água de 200 litros.

"No alerta vermelho, não vai ter água. Vamos adotar uma forma de armazenar água em casa para cozinhar e tomar banho", afirmou Saraceni.

Os moradores aprovam a "guerra" contra o desperdício. "As medidas têm de ser agressivas para passarmos pela situação que já é caótica. Só assim para a população tomar ciência de que, do jeito em que estamos, só vai piorar", disse o engenheiro civil Tomé Abduch, de 37 anos, morador do prédio.

Ele acredita que não vai ter problemas para enfrentar o alerta laranja. "No meu apartamento, moram apenas eu e minha mulher. Gastamos pouca água", explicou Abduch. Para ele, as medidas de combate aos gastos, com cores de alerta, só serão aceitas pelos moradores após a polêmica dos cinco dias sem água e dois com água.

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