27 de setembro de 2012 | 03h03
A principal aposta da gestão Gilberto Kassab (PSD) para atrair dependentes de crack para tratamento tem 75% de sua capacidade ociosa, seis meses após a abertura. Projetado para atender até 1,2 mil usuários por dia, o centro de convivência do Complexo Prates recebe em média 280 pessoas, e boa parte não usa drogas.
Os dados são da própria Prefeitura de São Paulo e mostram que a operação policial iniciada em janeiro não atingiu o objetivo de aumentar o número de viciados em tratamento. Enquanto sobram vagas no centro de convivência, faltam no albergue e no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) instalados no local.
O complexo é o equipamento mais completo da rede e é formado por um abrigo infantil, uma Assistência Médica Ambulatorial (AMA) 24 horas e uma estufa que funciona como escola.
Para o promotor de Justiça Arthur Pinto Filho, os números revelam um efeito colateral não calculado pelo poder público: o medo que alguns dependentes desenvolveram de agentes de saúde. "A operação policial na cracolândia dispersou os dependentes químicos por toda a região central e áreas próximas, o que atrapalhou a aproximação de agentes de saúde e de serviço social", afirma.
Além disso, segundo o promotor, "a pressão policial fez com que alguns usuários passassem a evitar a aproximação de equipamentos públicos por temerem uma internação compulsória, por exemplo".
Instalado no Bom Retiro, em uma área de 16 mil metros quadrados, o complexo está a cerca de 2 quilômetros da cracolândia. A distância, segundo os dependentes químicos e pessoas em situação de rua, não é o principal empecilho. A presença constante de guardas-civis nos arredores do equipamento e, principalmente, a manutenção do tráfico na cracolândia, prejudicam mais o sucesso do projeto.
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