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Como salvar as antigas casas da Pompeia?

Na tentativa de preservar a qualidade de vida e a história do bairro, grupo tenta conter o avanço dos novos condomínios

Por Gustavo Zucchi
Atualização:

Os vestígios de história da Pompeia estão ameaçados. A região, que nos anos 40 e 50 recebeu algumas das primeiras vilas de São Paulo, como a Francesa e o Jardim Anhanguera, e que teve sua arquitetura influenciada pelo jeito de morar dos imigrantes, está perdendo suas características originais para dar lugar a condomínios. Aos poucos, os casarões antigos e as casinhas de portão de ferro baixinho, quintal e jardim de inverno dão lugar a prédios modernos e varandinhas gourmet. Na tentativa de evitar essa descaracterização, um grupo trabalha desde 2012 para proteger o que resta da identidade desse tradicional bairro paulistano. A ideia é evitar que imóveis típicos sejam derrubados. O Preserva Vila Pompeia reúne moradores do bairro contra a verticalização que transforma a paisagem e aumenta o número de moradores da região. O impacto costuma ser negativo na dinâmica das ruas, do sossego, na tensão do trânsito e dos espaços públicos.  Cláudia Carminati, uma das fundadoras do Preserve Vila Pompeia, conta que o grupo se inspirou em uma passeata realizada em Pinheiros. Era um protesto contra a demolição de uma casa da rua João Moura – ainda que protegida por uma liminar, ela veio abaixo de madrugada. “Moradores da Pompeia resolveram se unir para que algo semelhante não acontecesse aqui.”

Pompeia ainda tem grandes casarões preservados Foto: Preserve Pompeia

O grupo enviou ao Departamento de Patrimônio Histórico, no final de 2012, um documento com todas as casas históricas do bairro catalogadas, com foto e endereço, para tentar que fossem protegidas. Até hoje não obteve resposta. “Muitas vilas residenciais já foram destruídas e deram lugar a prédios. Mas algumas poucas ainda sobrevivem e possuem portões na entrada. Além delas, muitas outras casas antigas correm o risco de desaparecer a qualquer momento porque as construtoras não se importam com patrimônios históricos e culturais nem com a vegetação existente”, afirma Cláudia. Entre as casas que ainda permanecem de pé estão as do Jardim Anhanguera, projetado nos anos 40 por Artacho Jurado. A Avenida Pompeia também reúne alguns exemplares, como nos números 929 e 972, onde funciona um buffet. Das pioneiras indústrias instaladas na Pompeia nos anos 20, ainda é possível ver as chaminés na Casa das Caldeiras, na Avenida Francisco Matarazzo. O emblemático prédio do Sesc Pompeia também é uma antiga fábrica reutilizada. “Nos últimos anos a verticalização cresceu desenfreadamente e piorou muito a vida dos moradores. Foram diversos prédios construídos e muitos imóveis antigos destruídos”, lamenta Claudia. Uma rápida pesquisa e portais imobiliários devolve como resultado uma profusão de apartamentos novos na região. Os preços variam entre os R$ 500 mil e o R$ 1,3 milhão.

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