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Com UPP, Rocinha deverá ter cem câmeras

Monitoramento é inédito no projeto de pacificação de favelas do Rio, mas esta e outras medidas ainda são promessas

Por Antonio Pita e RIO
Atualização:

Com o desafio de concluir a pacificação no cinturão que envolve as áreas prioritárias para a Copa do Mundo e a Olimpíada, o governo do Estado do Rio inaugurou ontem, na Rocinha, a maior Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da capital fluminense e uma nova estratégia para o controle territorial da favela. São 700 policiais, oito bases de apoio, cem câmeras de monitoramento, GPS e motocicletas na unidade que tentará fortalecer a pacificação da Rocinha, iniciada há dez meses com a ocupação da polícia. Desde então, 13 pessoas foram mortas na região - a última, há uma semana, era um policial militar em treinamento para a UPP. Apesar do anúncio das novas estratégias, as principais medidas ainda são promessas. Na inauguração, apenas duas bases de apoio e a sede - improvisada em contêineres - estavam abertas. A instalação das câmeras de monitoramento em pontos críticos ainda está em fase de licitação. Ao longo do dia, a segurança na comunidade foi reforçada, com policiais nas principais entradas e ruas da favela e patrulhas a pé nos becos. Em média, as UPPs têm cerca de 300 policiais. O número de 700 policiais na Rocinha foi decidido após sucessivos confrontos entre forças de ocupação e traficantes, em março. Inicialmente, apenas 350 homens atuavam na ocupação da comunidade. Desconfiança. Além do sistema de câmeras, as patrulhas serão distribuídas entre oito bases de apoio que cobrem 25 localidades e área de 840 mil m² em que mais de 80% das vielas são inacessíveis a veículos. Não há prazo para a adoção de todas as medidas, o que gera desconfiança. "Por enquanto, está calmo. Mas ainda tenho medo de invadirem minha casa, polícia ou bandido", disse uma comerciante que não quis se identificar. Entre as autoridades, o clima na inauguração era de confiança no projeto. O governador Sérgio Cabral (PMDB) destacou que os criminosos tentarão retomar a favela, mas que a polícia ficará para sempre. "No futuro, as crianças daqui não terão na memória nenhum tipo de conflito da polícia com o poder paralelo. Antigamente, a polícia era invasora. Agora, o bandido é que tenta invadir a Rocinha", afirmou.

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