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Com reforço da polícia, operação lacra comércios irregulares na Cracolândia

PM e GCM apoiam fiscais que estão fechando comércios sem alvará de fucionamento; segundo presidente do Conseg, operação visa combater a venda de drogas

Por Victor Vieira
Atualização:

Atualizada às 21h19

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SÃO PAULO - Com policiamento reforçado, a Prefeitura fez nesta quinta-feira, 13, uma ação para lacrar três bares onde havia suspeita de venda de drogas na Cracolândia, região central de São Paulo. O fechamento de estabelecimentos suspeitos e a presença maior da Guarda Civil Metropolitana (GCM) fazem parte da nova etapa da Operação De Braços Abertos, que pretende aumentar o combate ao tráfico de drogas e inibir aglomerações de dependentes químicos nas ruas.

Nesta semana também foram inscritos no programa 79 usuários de drogas da Cracolândia que frequentavam os "fluxos", como são chamadas as aglomerações de dependentes químicos, e ainda não eram atendidos. A Secretaria Municipal de Assistência Social identificou o grupo após análise das imagens das câmeras da GCM durante um mês. A estratégia, segundo a Prefeitura, é reduzir ao máximo o consumo de drogas nas vias públicas.

A presença do maior efetivo de guardas-civis e policiais militares, que apoiaram a ação da Prefeitura, trouxe apreensão aos usuários de drogas e comerciantes da Cracolândia. Viaturas da GCM bloquearam esquinas da região durante horas e a presença de guardas que tentavam retirar o "fluxo" das ruas irritou os usuários.

Pela manhã houve confusão quando a PM deteve um dependente de drogas que agrediu uma repórter. Aos gritos, ele tentou resistir e foi imobilizado por quatro policiais – um deles foi vítima de socos e arranhões. O usuário de drogas, morador da região, foi encaminhado ao 77.º Distrito Policial (Santa Cecília). Segundo uma assistente social que acompanhou o detido, ele estava tão agitado que bateu a cabeça no vidro da viatura durante o percurso e se feriu.

Revolta. A interdição dos estabelecimentos no fim da manhã, feita sob a justificativa da falta de alvarás de funcionamento, revoltou os donos dos bares e outros frequentadores da Cracolândia. "É absurdo. Fecharam por causa de um documento só e não deram nenhum prazo para regularizar a situação", reclamou José Antônio dos Santos, de 64 anos, dono de dois bares lacrados, que nega existir tráfico nos locais. Para evitar a reabertura, funcionários da Subprefeitura da Sé concretaram os portões dos imóveis.

Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), houve preocupação em não intimidar os usuários com a ação. "A busca desse equilíbrio (assistência social, saúde e segurança) existe em todas as etapas para que não percamos a confiança daqueles que estão sendo acolhidos", disse ele, que não descarta lacrar outros estabelecimentos.

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O prefeito disse que o fechamento de hotéis e bares onde havia venda de drogas foi recomendado pela PM. A Prefeitura optou por usar esses hotéis para abrigar atendidos pelo programa.

A partir de agora, os guardas-civis também vão intensificar a ocupação da área, mas foi mantida a orientação de relacionamento pacífico. A Prefeitura abriu sindicância para apurar a responsabilidade do guarda que entrou em confronto com usuários de drogas na última segunda, em ação que envolveu lançamento de bombas de gás. O GCM envolvido foi afastado.

Também foi divulgado balanço de quase dois meses de operação. De 386 cadastrados, 26 fugiram, 132 desistiram e 13 voltaram às famílias, mas permaneceram no programa. Desde 15 de fevereiro, 11 foram presos em flagrante por tráfico de drogas, segundo a GCM. Já a ampliação para outras áreas de consumo de drogas da capital será feita após a conclusão da ação na Cracolândia.

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