O rodízio para caminhões está completando nesta quinta-feira, 28, um mês de vigência em meio a dúvidas sobre se os benefícios para o trânsito serão duradouros. Em um comparativo com o mesmo período de 2007, houve melhora de 17% nos índices de lentidão. No entanto, a Secretaria Municipal dos Transportes excluiu das contas os dados dos dias 7 e 8 deste mês, quando a chuva forte praticamente parou a cidade. Na sexta-feira, dia 8, a lentidão chegou a 211 quilômetros no pico da noite, às 19 horas. Quando os dados desses dias são contabilizados, a redução da lentidão fica em 11%. Assim como as medidas anteriores, o ganho não foi tão expressivo nos horários de pico da noite. Veja também: Como o trânsito parou São Paulo Medidas anunciadas contra o trânsito de São Paulo De acordo com os dados apresentados pela SMT, houve melhora em 13 dos 14 horários monitorados pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). No entanto, o ganho foi pouco acentuado nos horários de pico da noite. Entre 17 e 20 horas, a média da lentidão deste ano foi de 96 quilômetros, ante 101,5 de 2007, uma redução de 5,7%. Nos horários de pico da manhã e no início da tarde, a redução nos índices de lentidão foi de 11%. O Estado solicitou na segunda-feira à Secretaria Municipal dos Transportes (SMT) dados de lentidão de junho - mês anterior às férias escolares - e as médias de cada horário para efetuar outras comparações. Também foram pedidos números de multas e de caminhões guinchados após a implementação do rodízio. No entanto, não houve resposta. Medidas contra o trânsito Desde o dia 28 de julho, os veículos de carga passaram a obedecer a um sistema de rodízio igual ao dos automóveis. Um dia por semana, de acordo com o final da placa, os caminhões deixam de circular nas vias que contornam o centro expandido, incluindo as Marginais do Tietê e do Pinheiros, das 7 às 10 horas e das 17 às 20 horas. O rodízio foi a terceira medida da Prefeitura envolvendo caminhões para tentar reduzir os congestionamentos na capital. Antes, em 30 de junho, foi aumentado de 25 para 100 quilômetros quadrados a Zona de Máxima Restrição de Circulação (ZMRC), onde os caminhões não podem circular das 5 às 21 horas. Os Veículos Urbanos de Carga (VUCs) obedecem um sistema de rodízio de placas pares e ímpares para rodar nessa área, entre 10 e 16 horas (assim como os demais caminhões, os VUCs estão liberados das 21 às 5 horas). Os especialistas se dividem a respeito da eficácia das medidas restritivas. O professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Jaime Waisman considera positivo impedir o acesso de caminhões no centro expandido durante o dia para reorganizar a logística do transporte de carga. Mas ele defende outras mudanças estruturais, como a construção de centrais de distribuição nas entradas das cidades, para receber as cargas dos caminhões. "Se ficar só na restrição, os ganhos serão perdidos com o tempo", diz. Waisman diz que mudar as regras para os caminhões é o mais acertado no momento, pois a cidade não oferece estrutura para que as pessoas não circulem com os automóveis. "Para mexer com os carros, é preciso oferecer transporte público de qualidade. O que não é o caso", diz. Para o consultor Horácio Augusto Figueira, os automóveis em pouco tempo vão recuperar o ganho com a restrição para caminhões. "No espaço de um caminhão, vão ter três carros. Além de multiplicar os congestionamentos, eles vão poluir por três também", diz.