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Com bônus, Sabesp deixa de arrecadar R$ 98,9 milhões

Valor corresponde ao período entre março e junho com o desconto de 30% para quem reduziu o consumo

Por Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - O programa de bônus lançado em fevereiro pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para tentar amenizar a crise hídrica desencadeada pela estiagem no Sistema Cantareira já causou perda de R$ 98,9 milhões aos cofres da estatal paulista, segundo balanço financeiro do segundo trimestre divulgado na quinta-feira, 14, a investidores. 

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O valor corresponde ao que a Sabesp deixou de arrecadar de seus clientes entre março e junho, por causa do desconto de 30% dado na conta de quem reduziu o consumo de água em ao menos 20%. Inicialmente restrito aos consumidores da região da Grande São Paulo atendida pelo Cantareira, o programa resultou em uma queda de R$ 10,8 milhões no faturamento da companhia em março.

Em abril, o programa foi ampliado para 31 cidades da Região Metropolitana operadas pela Sabesp e atendidas pelos outros cinco mananciais que abastecem a Grande São Paulo, atingindo 17 milhões de pessoas. À época, a empresa estimou que o bônus causaria prejuízo de R$ 800 milhões no ano. No segundo trimestre, contudo, o impacto foi de R$ 88 milhões. 

No balanço divulgado pela Sabesp em junho, 79% dos clientes da Grande São Paulo haviam reduzido o consumo de água - 52% deles acima da meta e beneficiados pelo bônus. Em julho, levantamento parcial mostrou que 26% haviam elevado o gasto com água, em período que coincidiu com a Copa do Mundo.

Segundo a Sabesp, a economia de água pela população, estimulada pelo bônus, corresponde a cerca de 30% dos 9 mil litros por segundo que deixaram de ser retirados do Cantareira desde fevereiro. Cerca de 65% da redução tem sido obtida com a diminuição da pressão da água na rede de distribuição no período noturno, conforme o Estado revelou em abril, e com o remanejamento de água de outros sistemas, como Alto Tietê e Guarapiranga.

Se comparado com 2013, a Sabesp registrou queda de 3,6% no faturamento no segundo trimestre, e de 16,4% no lucro líquido. No semestre, porém, a receita permanece igual, próxima de R$ 4,7 bilhões, e o lucro 9,1% menor. Aos investidores, a Sabesp explica que foi obrigada a reduzir o volume de água retirado do Cantareira, e a ampliação do uso da água de outros mananciais “pode levar a um aumento nos custos para servir os consumidores da Região Metropolitana”.

Rodízio. “Se a situação dos reservatórios atingidos pela seca não melhorar, podemos ser obrigados a tomar medidas mais drásticas”, diz a Sabesp. Ao contrário do que escreveu no relatório anual de 2013, divulgado em março, a companhia, desta vez, excluiu da frase a possibilidade de adotar rodízio.

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