
13 de julho de 2012 | 03h01
Com quase dois anos de atraso, o Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, vai finalmente ganhar outra torre de controle. A inauguração está marcada para o início de setembro. Com nove andares, 40 metros de altura - o dobro do tamanho da atual - e uma cabine mais ampla, o novo prédio promete melhorar a visibilidade dos operadores e acabar com os pontos cegos.
Planejada desde 2007, após a tragédia com o Airbus da TAM, a obra teve início apenas em julho de 2009. Nos dois anos anteriores, o governo federal optou por reformar a estrutura atual ao custo de R$ 3,5 milhões. Quando o serviço ficou pronto, veio a promessa: Congonhas teria a nova torre no fim de 2010, por R$ 11 milhões. Mas a demora fez com que o investimento saltasse para R$ 14,5 milhões, alta de 32%.
De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a torre agora está "em fase de acabamento" - assim como estava há um ano, em junho de 2011. Atualmente, é preparada para a instalação dos equipamentos até 10 de agosto.
Já segundo a Aeronáutica, os aparelhos foram adquiridos em 14 de junho de 2011, quando era esperada, já com atraso, a entrega da obra. Como não puderam operar na nova torre, alguns foram instalados na atual para não ficarem guardados. O conjunto custou cerca de R$ 4 milhões.
Testes. Por um mês, as duas torres vão operar juntas, para acomodação dos operadores de tráfego e testes na aparelhagem. A Infraero reconhece que o projeto passou por reajuste, mas nega atraso na conclusão. A empresa ressalta que a abertura não é emergencial, já que a estrutura atual cumpre sua função.
Segundo especialistas, porém, o ganho de altura aumentará sensivelmente o controle de pátio e pista, melhorando a segurança. O engenheiro aeronáutico Jorge Leal Medeiros, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), diz que a nova torre vai dar aos controladores uma visão completa do aeroporto. "Até do antigo pátio da Vasp", afirma, referindo-se à área de 170 mil m² que deve ser integrada a Congonhas.
O chefe do Instituto de Aeronáutica do ITA, Claudio Jorge, destaca a importância dos novos equipamentos, mas chama a atenção para "o perigo que ainda se mantém em Congonhas, já que as pistas seguem as mesmas, assim como a área de escape".
A limitação do aeroporto é tida como uma das causas da tragédia de 17 de julho de 2007, quando o avião que fazia a rota Porto Alegre - São Paulo derrapou na pista, atravessou a Avenida Washington Luís e se chocou contra um prédio da própria TAM. Deixou 199 mortos e nove feridos.
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