SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) disse na manhã desta quarta-feira, 29, que os supermercados "orquestraram" juntos o valor das novas sacolinhas reutilizáveis e que essa combinação coletiva do custo das embalagens é ilegal.
Conforme noticiado pelo Estado, Haddad foi à Justiça nesta quarta-feira contra a cobrança das embalagens por parte dos supermercados. A Prefeitura entrou com pedido de liminar contra a Associação Paulista de Supermercados (Apas), Carrefour, Pão de Açúcar, Walmart, Futurama, Sonda, D'Avó Supermercados e Supermercado Dia. A Apas é a mais representativa entidade do setor de supermercados de São Paulo, com 1.258 empresas.
"Não houve concorrência entre as redes. Eles fizeram todos uma combinação única e, na minha opinião, isso não é o melhor caminho. Entendo até que envolve alguma ilegalidade nessa combinação para que todos passem a cobrar. Se a concorrência entre eles existisse, alguns estariam oferecendo (a sacola) para atrair clientes e outros estariam perdendo clientes com a cobrança", afirmou. "Mas o que aconteceu foi uma orquestração. E não em proveito do meio ambiente, em desfavor do meio ambiente".
A ação da Prefeitura tem objetivo similar ao pedido da SOS Consumidor, que recorreu judicialmente contra a cobrança, mas teve a liminar negada na semana passada. Haddad disse, porém, que o fundamento da ação da Prefeitura é "exclusivamente ambiental" e não aborda a questão do direito do consumidor. "O fundamento é diferente. O nosso fundamento é ambiental. A indústria e o comércio são grandes geradores. Precisam se associar ao esforço do poder público em defesa do meio ambiente."
Nesta terça-feira, 28, o Procon estadual de São Paulo e a Associação Paulista de Supermercados (Apas) anunciaram um acordo que orienta o comércio a distribuir duas sacolas grátis para os clientes ou dar desconto para quem levar de casa o seu meio de transporte de mercadorias. A medida, que vai entrar em vigência no próximo dia 11, valerá por dois meses.
Haddad disse que o acordo é um primeiro passo e que é possível avançar mais. "A pessoa, em vez de fazer uma compra, vai ter que fazer cinco compras para ter o direito de ter dez sacolinhas? Você vai causar um desconforto sem nenhum benefício", afirmou.