Os moradores da Rua Bernardino de Sena, na Casa Verde, estão vivendo um misto de comoção e preocupação, após um jato Learjet 35 ter decolado no Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, e ter caído de bico na casa de número 118 da rua. O acidente aconteceu na tarde de domingo, 4, e matou 8 pessoas, entre elas dois pilotos que estavam na aeronave e seis pessoas da mesma família, que estavam na residência. Veja também: Movimento no Campo de Marte cresce 30% com a crise aérea Casas atingidas por jato serão demolidas; buscas são retomadas nesta 2ª Vídeo do local do acidente Vídeo das casas atingidas pelo jato Vídeo do resgate no local do acidente Veja como foi o acidente com o Learjet 35 Galeria de fotos Todas as notícias sobre o acidente com o Learjet 35 Uma multidão se formou nas imediações do acidente para acompanhar os resgates, nos escombros. A maioria dos vizinhos não conseguiu dormir, por causa do barulho dos trabalhos dos homens do Corpo de Bombeiros. "Essa noite, qualquer barulho estranho aterrorizava, porque a gente ficou impressionado com as imagens do acidente", conta a estudante Daniela Cristina dos Santos, que mora com a família há 10 anos na rua. A mãe dela afirmou que não pretende se mudar do local após o acidente, mas que mesmo assim ficou apreensiva após a queda do jatinho. "A maioria dos vizinhos tentou se manter unida, porque aqui todo mundo praticamente cresceu junto. Todo mundo está muito triste com o que aconteceu, porque se conhece há bastante tempo. Além disso, apesar de saber que os aviões não passam por aqui, a gente fica com medo. Já tive esse tipo de pesadelo antes", conta Maria Cristina de Ângelo dos Santos. Outras pessoas ouvidas pelo estadao.com.br citam o clima de medo e tensão que tomou conta do lugar após o desastre. Um deles é o representante comercial Airton Michelatto, que ajudou a socorrer as amigas Cláudia Fernandes, de 16 anos, e Laís Melo, de 11, que brincavam em um dos quartos da casa destruída pelo jatinho. Elas foram as únicas atingidas diretamente pelo avião a sobreviver ao desastre. Cláudia, que é autista, sofreu queimaduras de segundo grau em 30% do corpo, concentradas mais na face e membros superiores. "Não consegui fechar os olhos para dormir essa madrugada. Bastava tentar e a imagem dos escombros e o som dos gemidos das vítimas tomava conta de mim. Só estou mais tranqüilo porque soube que a Cláudia sobreviveu. Dá uma tranqüilidade saber que o sangue da minha camiseta é de vida", diz Michelatto, que descreveu o local do acidente como um cenário de guerra. "Parece que caiu uma bomba na casa". Medo sem motivo Para o presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, George Sucupira, não existe motivo para que os moradores da Rua Bernardino de Sena tenham medo. Segundo ele, um acidente como o de domingo à tarde não é comum e que, provavelmente, uma espécie de pane incontrolável teria causado o desastre. "Primeiro, a área da rua não é rota de aviões. Eles não passam por lá. Segundo, nenhum piloto faria um pouso de bico em condições normais. Ele saberia que a chance de sobrevivência seria zero. Normalmente, em panes, os pilotos procuram um rio, uma rua larga, para aumentar as chances de sobrevivência. Uma pane incontrolável deve ter acontecido", diz.