06 de maio de 2010 | 00h00
Era comum encontrar pessoas que lá chegavam sem nem consultar previamente a programação - afinal, o Belas Artes jamais exibia porcarias. Mais que um ponto de diversão, era uma janela para o mundo. O sucesso fez com que o espaço fosse dividido: primeiro o andar superior que, em 1971, tornou-se a sala Portinari, enquanto a outra foi nomeada de Villa-Lobos. A divisão foi pioneira em São Paulo e seguia uma tendência já instalada nos Estados Unidos e na Europa. A terceira sala, Mario de Andrade, localizada no subsolo, surgiu logo depois, ocupando onde antes funcionava a secretaria da SAC.
Durante a ditadura, instalava-se ali um reduto de discussões conspiratórias disfarçadas de críticas cinematográficas. Para isso, contribuíam o trabalho de cineastas revolucionários na estética, como Fellini e Antonioni. Eram debates que continuavam ou no Riviera ou no Super Quente, atual Sujinho.
Em maio de 1982, um incêndio criminoso manteve o cinema fechado por um ano. Ao reabrir, em maio de 1983, ganhou mais três salas, mas o espírito cultural continuava intacto. Melhor: o Belas Artes tornava-se reduto também para a (escassa) produção nacional. Uma fase dourada que durou até os anos 1990, quando a degradação da região afugentou seus frequentadores.O resgate aconteceu com a nova administração, encarregada agora de manter a tradição.
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