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Cidades não sabem como usar escolas do Estado

Governo só informou que fecharia unidades no fim de outubro, com a lista pronta

Por Isabela Palhares , Luiz Fernando Toledo e Victor Vieira
Atualização:

Sem informações sobre quando serão entregues nem sobre o estado de conservação das escolas, os municípios que vão receber prédios de unidades fechadas pela reorganização escolar no Estado de São Paulo não sabem se vão usar os locais para atividades educacionais nem mesmo se terão alguma destinação. Ainda assim, a Secretaria Estadual de Educação diz que todas as 93 escolas fechadas serão reaproveitadas com finalidade educacional.

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Estado procurou as prefeituras das 36 cidades que ficariam com os equipamentos. As 28 que responderam disseram não ter sido informadas com antecedência e só nos últimos dias receberam informações sobre a transferência dos prédios. 

A reestruturação das escolas para ter um único ciclo (ensinos fundamentais 1 e 2 e médio) foi anunciada no início de setembro. O secretário Herman Voorwald admite que as prefeituras só foram informadas no fim de outubro, após a divulgação da lista das escolas fechadas. “Não dava para fazer antes, não sem o trabalho concluído”, disse.

A Prefeitura de São Paulo, que deve ficar com 21 das unidades fechadas, começou nos últimos dias a visitar os prédios oferecidos pelo governo estadual. Durante a semana, o prefeito Fernando Haddad (PT) disse que a Secretaria Municipal de Educação vai avaliar onde há demanda para o uso educacional dos equipamentos e se eles precisam de reforma. 

Embora o documento de entrega dos prédios elaborado pela pasta estadual recomende uso estritamente “educacional”, Haddad disse que poderia usar as unidades para equipamentos de Saúde e Habitação. 

Sem demanda. A secretária de Educação de Sertãozinho, a 340 km da capital, Otávia Alexandrina Assumpção, disse que soube do fechamento da escola após publicação no Diário Oficial. “Não houve nenhuma conversa.” Segundo ela, o prédio entregue é de uma escola antiga, sem biblioteca nem laboratório de ciências. “Destoa muito da estrutura das nossas escolas, então teríamos de fazer muitas reformas para que ela se adaptasse à nossa rede.” Além disso, disse que não há demanda por creche ou pré-escola na região onde está a unidade.

Em Ibitinga, a 350 km da capital, a prefeitura disse não ter demanda que justifique o uso do prédio. Neste ano, foram abertas duas creches, com 500 vagas, o que teria zerado o déficit do município.

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A prefeitura de Agudos informou que solicitou que uma escola da cidade, que atende 550 alunos, não fosse fechada. Além de não ter o pedido aceito, disse que em “nenhum momento” foi procurado pelo Estado.

Distância. As prefeituras ainda apontam o problema do fechamento de escolas rurais, sem unidades próximas. Em Santa Cruz do Rio Pardo, o fechamento de uma escola estadual fez com que o município encerrasse também a unidade que mantinha no mesmo prédio. O colégio mais próximo fica a 11 quilômetros. “Não fazia sentido mantermos uma escola com 40 e poucos alunos, ainda mais sem o fundamental 2 (que era administrado pelo Estado)”, disse a secretária de Educação, Lúcia Marisa Pinhata.

Para o presidente do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, faltou articulação com os municípios. “Era preciso ter visto a necessidade de cada um. Se precisa de escola, creche ou educação de jovens e adultos. A proposta é importante, mas o grande pecado é a falta de comunicação e articulação.”

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