
04 de julho de 2010 | 00h00
Além do Obelisco do Ibirapuera, o monumento erguido em homenagem aos ex-combatentes de 1932, São Paulo lembra a luta contra as tropas da ditadura e seus heróis com nomes de ruas e edifícios. A Avenida 9 de Julho e o túnel também chamado de 9 de Julho. O prédio da Assembleia Legislativa se chama igualmente 9 de Julho.
Mais difícil é a identificação histórica de um edifício localizado no Largo da Misericórdia, entre as Ruas Direita e Boa Vista, imediações da Praça da Sé, que foi construído pela Santa Casa com o ouro de joias doadas para sustentar a luta. Daí o nome do prédio: Ouro para o bem de São Paulo. "Edifício singular na paisagem urbana do centro histórico, distingue-se por evocar, no desenho da fachada, a Bandeira das 13 Listras do Estado de São Paulo", descreve o arquiteto Benedito Lima de Toledo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).
Projeto do Escritório Severo e Villares, datado de 1939, foi executado pelo Escritório Camargo e Mesquita. No fim do conflito, os líderes da Revolução de 32 doaram à Santa Casa de São Paulo o saldo do ouro doado pela população.
Os heróis Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, que morreram metralhados num protesto contra a ditadura em 1932 e inspiraram a sigla M.M.D.C - à qual se somou depois o A de Alvarenga, a quinta vítima - são nomes de ruas no bairro do Butantã. A data de sua morte também é lembrada pela Avenida 23 de Maio, que liga o centro da cidade ao Ibirapuera.
POEMA
Voluntário paulista
Paulo Bonfim
Em Cunha deixei meus olhos
O rosto de minha noiva
Em Buri ficaram as mãos
A carícia decepada
Em Eleutério meus lábios
O riso da mocidade
Em Sapecado meus pés
Os caminhos sem retorno
Em Vila Queimada a chama
Do sonho dos 20 anos
Em Cruzeiro o corpo em cruz
Aguarda a ressurreição
No Rio das Almas sou alma
A bênção de minha mãe
Do túnel renascerei
O voluntário paulista
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