Localizada na Serra da Mantiqueira, entre São José dos Campos e Campos do Jordão, Monteiro Lobato é uma das poucas localidades que ascenderam à condição de município, voltaram a ser distrito e, por fim, ganharam novamente status de unidade autônoma.
Batizada inicialmente de Buquira, que em tupi significa ribeirão de pássaros, foi elevada a município em 1900 e voltou a distrito 34 anos depois. Em 1948, emancipou-se novamente e, um ano depois, ganhou o nome de seu mais ilustre morador.
As idas e vindas deixaram na pequena localidade uma feição muito mais de vila do que de cidade, de um lugar que pouco mudou. No ano passado, o município cresceu 0,84%, enquanto na região onde está inserido, de São José dos Campos, a taxa foi de 1,10%.
Dados da Fundação Seade mostram que o local que serviu de inspiração para Lobato desenvolver um de seus principais personagens, o caipira Jeca Tatu, é também uma cidade que não se renova: seu índice de envelhecimento (taxa de idosos de 60 anos ou mais para cada 100 jovens com menos de 15 anos) foi de 94,81% em 2017, enquanto no Estado alcançou 72,47%. Já a taxa de natalidade é de 6,93 por mil habitantes, contra 13,84 do Estado.
Indicadores econômicos também refletem essa estagnação. A renda per capita ficou em R$ 547,76, ante R$ 853,75 no Estado. O PIB per capita é de R$ 11,8 mil, bem menor que os R$ 43,5 mil da média estadual.
Quem anda pelas tranquilas ruas da cidadezinha entende com mais propriedade o que Lobato quis dizer em um de seus contos, do livro Cidades Mortas, de 1919: “Ali tudo foi, nada é. Não se conjugam verbos no presente. Tudo é pretérito”, escreveu.