Ciclistas e pedestres travam 'guerra' por espaço na rua

Com os 92,3 km de ciclovias, cenas de desrespeito são comuns, como bikes passando no sinal fechado e pessoas nas faixas

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Por Rafael Italiani
Atualização:
Ciclistas e pedestres travam guerra por espaço na rua Foto: Tiago Queiroz/Estadão

SÃO PAULO - Pedestres e ciclistas estão em conflito pelo espaço e preferência nas vias de São Paulo. Bicicletas fazendo conversões na contramão, passando com velocidade sobre as faixas de pedestres e trafegando sobre as calçadas são cenas comuns onde há muitas ciclovias, como na região central da capital. Já os pedestres atravessam fora das faixas e fazem das ciclovias extensões das calçadas.

Na última semana, pelo menos dois pedestres foram atropelados. Na quarta-feira, um homem de 90 anos morreu na Avenida Corifeu de Azevedo Marques, no Butantã, zona oeste da capital. Segundo testemunhas, ele entrou na faixa de pedestre sem olhar e foi atingido por um ciclista, que responderá por homicídio culposo (sem intenção de matar). A avenida ainda não tem ciclovia.

Dois dias antes, uma mulher de 37 anos foi atropelada por um ciclista que trafegava pela ciclovia da Rua Prates, no Bom Retiro, no centro. A mulher foi levada ao hospital e liberada.

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Essa região serve como exemplo para os conflitos entre ciclistas e pedestres. A faixa para bike da via é muito usada por entregadores e, ao mesmo tempo, por pedestres que trabalham no bairro. Um estudante de 16 anos, que faz entregas no centro, foi flagrado na quinta-feira pela reportagem do

Estado

em alta velocidade, freando sobre a mesma faixa de pedestres onde a mulher havia sido atropelada. "Eu ando assim mesmo, sei que está errado, freio em cima deles para chamar a atenção e não para atropelar", afirmou.

Na mesma região, a empregada doméstica Anete Negreiros, de 61 anos, usava a ciclovia para caminhar no sentido contrário ao dos carros. "Se não passa bicicleta, eu posso andar. É bem mais confortável do que ficar na calçada", disse.

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Na esquina das Ruas Xavier de Toledo e Sete de Abril, também na região central, mais desrespeito. Dois guardas-civis metropolitanos (GCMs) que pedalavam na ciclovia passaram pela faixa de pedestre na contramão e com o semáforo fechado para eles. Segundo a Prefeitura, os guardas são orientados e obrigados a respeitar a sinalização. Eles podem quebrar as regras somente se estiverem em atendimento.

A ciclovia no trecho é confusa e tem pouca sinalização. Os ciclistas sobem a Rua Xavier de Toledo por uma ciclovia larga que, na faixa de pedestre, vira uma tira vermelha estreita. "A sinalização é ruim e ainda está confusa. É como se não tivesse mais a ciclovia", justificou um dos guardas.

Educação.

O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, afirmou que a Prefeitura está preparando uma grande campanha de educação no trânsito. "Estamos fazendo algumas peças publicitárias, materiais impressos e também vamos fazer campanhas em rádio, televisão e jornais para educação no trânsito relacionadas aos ciclistas." Ainda de acordo com Tatto, a cidade está "se acostumando" com as ciclovias. "É algo novo, que veio para ficar. As pessoas estão se adaptando", disse o secretário. Nesta gestão, a cidade ganhou 92,3 km de vias para ciclistas.

/COLABOROU CAIO DO VALLE

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