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Chuva e vento causam morte e prejuízos no interior de SP

Aeronave estacionada no Aeroporto Estadual Adhemar de Barros chegou a tombar devido à força do ventos em Presidente Prudente

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - O vendaval que atingiu várias regiões do Estado de São Paulo entre a noite de terça-feira e a madrugada desta quarta causou a morte de uma pessoa, deixou famílias desalojadas e espalhou prejuízos pelo interior. Em Campinas, a força do vento atingiu 126,5 km por hora no ponto de maior intensidade e, segundo meteorologistas, pode ter adquirido a forma de um tornado. Os temporais atingiram todas as regiões do Estado com intensidade variável. O assentado rural Jairo da Silva Castro, de 46 anos, morreu ao ser atingido por um raio em Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo. Ele cuidava do gado no Assentamento Santa Tereza da Água Sumida quando caiu uma tempestade. O corpo foi encontrado pelo filho ao lado da moto usada pelo camponês, que ficou danificada pela descarga elétrica. Em Presidente Prudente, na mesma região, rajadas de ventos de até 74 km/h, segundo o Corpo de Bombeiros, causaram a queda de árvores em vários bairros - no Jardim Bongionvani, um carro foi atingido, mas estava sem ocupantes. Um ultraleve tombou e dois aviões foram arrastados pelo vento no Aeroporto Estadual Adhemar de Barros. As aeronaves, uma delas com 70 lugares, estavam estacionadas e sem passageiros ou tripulantes. O Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) providenciou a remoção do combustível que vazou do ultraleve. A cobertura do estacionamento caiu sobre carros, mas ninguém ficou ferido. A chuva com granizo causou a queda de árvores e deixou mais de 15 mil imóveis sem energia elétrica, na noite de terça-feira, em Bauru, noroeste do Estado. O teto de um shopping desabou na Vila Universitária. Uma casa e um barraco ficaram destruídos na Vila da Aviação - os moradores foram removidos para casas de parentes. Na zona sul, árvores foram arrancadas com a raiz e pelo menos 15 casas foram destelhadas. De acordo com a Defesa Civil, não houve vítimas. O Zoológico Municipal de Bauru permanecia interditado nesta quarta-feira em razão da queda de seis árvores e dos estragos nos recintos dos animais. De acordo com o Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Unesp de Bauru, em cerca de trinta minutos a chuva acumulou 29 mm e o vento atingiu 70 km/h. Em Jaú, na mesma região, uma torre de internet caiu sobre uma casa e o bairro Vila Nova ficou sem energia. Pelo menos dez árvores caíram. O muro e a estrutura metálica de uma fábrica desabaram. Na região, houve estragos também em Araçatuba e Birigui. Na região de Avaré, rajadas de vento causaram a queda de árvores e destelhamentos em Cerqueira César, Piraju e Itaí. De acordo com a Defesa Civil, não houve feridos. Em São Carlos, região central do Estado, a queda de seis árvores deixou vários bairros sem energia elétrica, afetando mais de 200 mil pessoas, segundo a concessionária CPFL. Ruas ficaram alagadas e seis casas foram tomadas pelas águas. Em Taquaritinga, 11 mil pessoas também ficaram sem energia. O vendaval que atingiu Campinas causou a queda de 18 árvores e postes, atingindo a rede elétrica. Pelo menos 63 semáforos deixaram de funcionar. Casas e carros foram atingidos. O Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp registrou às 22h30 ventos com velocidade de 126,5 km/h durante a tempestade. Já a Defesa Civil registou ventos de pouco mais de 80 km/h na região central da cidade. Não houve feridos.Tornado. De acordo com a meteorologista Neide Oliveira, do Instituto Nacional de Meteorologia em São Paulo, o fenômeno ocorrido em todo o Estado na noite de terça-feira caracteriza um vendaval, ou seja, frentes de rajadas de vento intensas, atingindo várias regiões do Estado. Em Campinas, segundo ela, pode ter ocorrido um tornado, em razão da força alcançada pelo vento. "É preciso analisar como se deu a passagem do vento, mas com essa velocidade, de 126,5 quilômetros por hora, é possível que seja tornado." Segundo ela, no tornado o vento assume a forma de um funil que toca o solo e gira com violência, torcendo árvores e objetos. De acordo com a pesquisadora, tornados já são comuns no Brasil, ao contrário de tufões e furacões, que se formam nos oceanos e não ocorrem por aqui. De acordo com o pesquisador Jurandir Zullo Junior, do Cepagri/Unicamp, de Campinas, a estação meteorológica que registrou o pico de vento de 126,5 km por hora fica localizada no campus, em Barão Geraldo, zona norte da cidade, num ponto alto da região. Foi uma rajada que durou pouco, mas tinha muita força e produziu estragos, derrubando árvores. Zullo explicou que a estação fica em local aberto, sem anteparos que possam segurar o vento. Já a Defesa Civil coleta dados em outros cinco pontos da cidade, inclusive na região central.

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