22 de dezembro de 2010 | 04h11
SÃO PAULO - Moradores da região do M' Boi Mirim, zona sul de São Paulo, viveram uma noite terrível nesta terça-feira, 21, em razão da forte chuva que atingiu a região. A moradora de um condomínio e muitos carros foram levados pela água. Muitas chamadas chegaram aos bombeiros informando sobre pessoas ilhadas e casas invadidas pela água.
Com a trégua da chuva, o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), da Prefeitura, retirou do estado de atenção, à 0h50 desta quarta-feira, 22, as regiões no entorno do Campo Limpo, M´Boi Mirim, Santo Amaro e Cidade Dutra. O estado de atenção havia sido decretado às 23h15 de terça-feira, 21, após uma tromba d'água atingir essas três grandes regiões.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou pelo menos três pontos de alagamento: no entroncamento entre as avenidas Guido Caloi e Guarapiranga; na esquina da Estrada de Itapecerica com a rua Manuel de Burgos, no Campo Limpo; e na rua Nova Britânia, região de Cidade Dutra.
Estragos e morte. Com a forte chuva, o córrego da Ponte Baixa, que corre paralelo à Estrada do M' Boi Mirim, transbordou e inundou as ruas da região. Várias casas foram tomadas pela água e carros acabaram arrastados pela enxurrada nas ruas Luís Aranha de Vasconcelos, José Barros Magaldi, e Antonio Aranha. Moradores do Condomínio Projeto das Américas, localizado na Estrada do M' Boi Mirim, 320, viram a água do córrego invadir o estacionamento, arrastando com ela alguns veículos.
Marcos Camargo Júnior, um dos moradores, afirma que o córrego é canalizado naquele trecho e que passa sob o condomínio. Uma das moradoras, a professora Michele Borges, de 28 anos, amiga de infância de Marcos, foi levada pela água ao descer até o estacionamento na tentativa de salvar o Fiat Uno branco dela. "Tentamos salvá-la, mas ela não conseguiu segurar a mangueira do hidrante que usamos como corda, e se perdeu no meio da água. Tentamos salvar alguns carros que estavam próximos de pontos mais altos, mas a maioria se chocou contra os muros".
Ainda segundo os moradores, três muros não seguraram a força da água e se romperam, levando os carros. "Começou como uma garoa e ficou mais forte. Após 40 minutos, a água do córrego invadiu o estacionamento levando mais de 20 automóveis. Outros 40 ficaram danificados", acrescentou o morador. O corpo de Michele foi encontrado junto à oficina mecânica da empresa de ônibus Viação Gatusa, localizada na avenida Guido Caloi esquina com a avenida Guarapiranga. A água do córrego invadiu a garagem da empresa.
"Aqui é uma área de risco, quando chove muito tem enchente. Devido a isso, as pessoas descem para tirar o carro do lugar. Quando ela chegou da escola, ela deixou o carro num ponto do estacionamento onde a água cobre. Ela então viu pela janela que a água já estava na roda e desceu. De repente ela sumiu. Nós sempre temos problemas com esse córrego. Já reclamamos várias vezes com a Prefeitura. Canalizaram apenas um pedaço porque a água já estava levando o solo onde foram construídos os prédios", disse Neide Rizzo, mãe de Michele.
Segundo a mãe da jovem, Michele estava muito feliz pois no último domingo ela conseguiu passar no concurso do Estado para professora. "Ela estava feliz, feliz, pois as leis mudaram, o concurso está mais difícil e ela iria trabalhar na escola Vicente Leporace, aqui perto, onde ela já estudou".
Previsão. A chegada de uma frente fria vinda do oceano pode trazer mais chuvas para a capital paulista nesta quarta-feira, informou o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). A previsão é de chuvas fortes principalmente à tarde e à noite, com possibilidade de temporais. Pela manhã, chove fraco em diversos pontos da cidade.
A alta instabilidade é acompanhada por queda nas temperaturas. A mínima na capital paulista deve ser de 19 ºC e a máxima não deve passar dos 28 ºC.
Texto atualizado às 8h12.
(Com Kívia Costa, da Central de Notícias)
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