Chance de o Tietê transbordar será de 1%, diz Estado

‘Vamos fazer do rio um grande piscinão’, disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB), durante o balanço das obras na calha

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Por Artur Rodrigues
Atualização:

SÃO PAULO - O governo do Estado de São Paulo afirma que, até o fim do ano, o Rio Tietê voltará a ter a mesma vazão de 2005, quando foi entregue a obra de rebaixamento da calha do rio. Com a retirada de 900 mil m³ de sedimentos por obras de desassoreamento, o rio retomaria a capacidade de vazão de 1.048 m³ por segundo na altura do Cebolão. As chances de ocorrer uma chuva capaz de fazer a calha transbordar serão de 1%.

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Após a construção de 29 piscinões nos últimos 16 anos, sem que o problema das enchentes fosse resolvido na cidade, o governo agora afirma que a prioridade é manter as calhas do Tietê livres para o escoamento de água de toda a cidade. "Vamos fazer do Tietê um grande piscinão", disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB), durante evento realizado às margens do rio, com objetivo de divulgar o balanço das obras de desassoreamento, aceleradas desde o início de 2011.

Histórico. De 2002 a dezembro de 2005, o rio teve a calha aprofundada em dois metros e meio, com investimento de R$ 1,7 bilhão. A obra foi feita em 40 quilômetros de extensão, da Barragem da Penha, na zona leste da capital, ao lago da Barragem Edgard de Sousa, em Santana do Parnaíba, na Região Metropolitana. Foram retirados 6,8 milhões m³ de rochas e sedimentos do fundo do rio. Nos anos seguintes, no entanto, o governo do Estado não conseguiu impedir o acúmulo de pelo menos 3 milhões de m³ de resíduos até o fim de 2010.

Atualmente , de acordo com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), a maior parte do desassoreamento já foi refeita. "Estamos concentrando nossos esforços entre a ponte da Vila Guilherme e o Corinthians", diz o superintendente do departamento, Alceu Segamarchi Jr.

Investimento público. O Daee investiu R$ 317 milhões para desassorear três trechos que, somados, atingem 66 quilômetros. O trabalho é feito com escavadeiras. O resíduo é levado em caminhões e barcaças para aterros sanitários na Grande São Paulo.

Além do Tietê, o Rio Pinheiros e seus afluentes também passam por obras de desassoreamento. Do Pinheiros, foram retirados 882 mil m³ de resíduos e dos afluentes, 1,4 milhão de m³. Ao todo, removeu-se 4,4 milhões da bacia desde 2011. "O que tiramos de material assoreado equivale a 86% da capacidade de todos os piscinões", afirma Alckmin.

O coordenador da área sanitária ambiental do Instituto de Engenharia, Júlio Cerqueira Cesar Neto questiona a eficácia do plano do governo estadual e afirma que o aumento da capacidade de escoamento do Tietê chegará já defasado. Segundo o engenheiro, a vazão do rio deveria atingir aproximadamente de 2 mil m³. "Em 1998, já se verificou que a vazão estava ultrapassada em cerca de 25%", afirma o engenheiro. Para o especialista, não há soluções fáceis para o problema. Uma delas seria um novo rebaixamento de toda a calha do rio. O Daee, no entanto, alega que esse tipo de obra seria cara demais e os estudos demonstram que seria inviável.

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Limpeza de piscinões. De acordo com o governador, a segunda prioridade na luta contra as enchentes é manter os piscinões limpos. Em dezembro de 2011, o governo estadual passou a responsabilizar-se pela limpeza dos reservatórios, antes um encargo das prefeituras.

Depois disso, sete piscinões tiveram um total de 90 mil m³ de sujeira recolhida. De acordo com o superintendente do Daee, Segamarchi Jr., é importante que os piscinões estejam com sua capacidade total para que retardem a chegada das águas ao Tietê. "Para que, quando a água chegue ao rio, ele já esteja em condições melhores", afirma.

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