Champinha teria forçado irmão de vítima a ocultar corpos

Polícia prossegue na busca por duas outras possíveis vítimas do assassino dos jovens Liana e Felipe

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Por Marcelo Godoy
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Após uma briga de bar, R.A.A.C, de 21 anos, o Champinha, matou dois homens a facadas, pôs fogo nos corpos e obrigou o irmão de uma das vítimas a enterrar os cadáveres no meio de um matagal em Juquitiba, na Grande São Paulo, disse esse irmão, cuja identidade não foi revelada, à polícia. O crime ocorreu meses antes de o mesmo Champinha, então com 16 anos, seqüestrar e assassinar, em 2003, o casal de estudantes Felipe Caffé, de 19, e Liana Friedenbach, de 16. Segundo o delegado Dejair Rodrigues, titular da 6ª Delegacia Seccional (região de Santo Amaro), a nova investigação teve início com uma denúncia anônima. Os policiais do 100º Distrito Policial foram informados de que um homem havia escondido dois mortos em Juquitiba. "Os investigadores foram até a casa do suspeito e começaram a conversar com o rapaz, que começou a chorar e resolveu desabafar e contar o que havia ocorrido." Tratava-se do irmão de uma das vítimas. O homem disse que Champinha e um outro homem, conhecido como Mané da Faca, haviam brigado com seu irmão, Manoel Oliveira de Souza, em um bar. Souza seria alcoólatra. Champinha resolveu que "não ia deixar barato" a briga. Acompanhado pelo cúmplice, ele foi até o casebre onde Souza morava, em meio à Mata Atlântica. Segundo o que o homem contou aos policiais, Champinha e Mané da Faca mataram seu irmão e um outro homem. Em seguida, atearam fogo à casa e aos corpos. O irmão de Souza, que estava nas imediações, disse que foi obrigado a se desfazer dos corpos, enterrando-os. Champinha e Mané da Faca disseram ainda que, se ele contasse alguma coisa sobre o que havia ocorrido, seria o próximo a morrer. Buscas Os corpos foram enterrados em uma local a cerca de 1 ou 2 quilômetros de distância de onde Champinha assassinaria, meses depois, a jovem Liana. O irmão de Souza se dispôs a levar a polícia até o local onde havia enterrado o irmão e a outra vítima. Na quinta-feira, 3, os policiais iniciaram as buscas no local apontado e conseguiram achar os primeiros ossos humanos. As buscas tiveram de ser interrompidas por causa do mau tempo. Ela foram retomadas nesta sexta, às 7 horas. Policiais do Corpo de Bombeiros e do Comando de Operações Especiais (COE), da Polícia Militar, vasculharam a região para tentar encontrar a segunda ossada. Durante as escavações, os policiais encontraram os ossos que faltavam do primeiro corpo, inclusive o crânio. Todo o material foi examinado pelos peritos do Instituto de Criminalística. No fim da manhã, um helicóptero foi mobilizado para ajudar nos trabalhos. Os policiais vasculharam uma área de cerca de 100 a 200 metros em torno da primeira ossada. "Não sabemos ainda de quem são os ossos encontrados", afirmou o delegado Rodrigues. Os investigadores e policiais militares devem continuar as buscas neste sábado, atrás do segundo corpo de um crime que, até agora, a polícia desconhecia. Menor de idade Na próxima semana, os policiais pretendem ouvir o depoimento de Champinha. Trata-se da única pessoa viva que pode esclarecer o que houve no meio da mata, pois o homem apontado como seu comparsa, Mané da Faca, foi assassinado em Juquitiba há dois anos. Depois de concluir a investigação, o caso deve ser enviado à vara da Infância e Juventude. Como Champinha já completou 21 anos, não pode mais ser punido pelos delitos cometidos na adolescência.

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