Chacina deixa mais 5 mortos e 10 histórias dão rosto às estatísticas da guerra não declarada

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Por Artur Rodrigues , Pablo Pereira e VALÉRIA FRANÇA
Atualização:

Um estudante da Universidade de São Paulo, uma criança de 1 ano, um bombeiro aposentado, um microempresário, uma policial. Enquanto o governo do Estado mantém o discurso de que tudo está sob controle, anônimos continuam morrendo sem saber por que na onda de violência que assola a Grande São Paulo. Ontem, em um só caso, cinco jovens foram mortos na Cidade Ademar, zona sul da capital. O Estado foi atrás da história de dez vítimas e descobriu que, diferentemente do discurso oficial, muitas não foram mortas "em uma disputa entre quadrilhas rivais". Algumas foram confundidas com policiais, outras estavam na rua na hora errada. São mortes em meio a uma guerra não declarada entre a polícia e o Primeiro Comando da Capital (PCC). O marco inicial é 28 de maio, quando agentes da Rota mataram seis criminosos da facção na Penha. Já em agosto o PCC decretou a morte de dois policiais para cada bandido morto. Até agora, já foram 93.O capítulo mais recente foi escrito na madrugada de ontem, à 0h, na Cidade Ademar. Emerson da Silva Sampaio, de 24 anos; William Adolfo de Carvalho, de 26; Vagner Pereira de Jesus, de 25; Allan Correia da Silva, de 24; e Rafael Freitas Medeiros, de 21; foram assassinados quando conversavam perto de uma viela.Segundo testemunhas, dois homens com toucas ninjas encurralaram os rapazes e atiraram diversas vezes. Outros dois baleados sobreviveram. Moradores contam que, dez minutos antes dos disparos, uma viatura da Força Tática passou pelo local, mandando os rapazes entrarem em casa. Mãe de Silva e tia de outros dois mortos, uma doméstica de 42 anos já pensa em sair da cidade. "Faz 30 anos que moro aqui, mas, depois disso, vou embora. Ensinei meu filho a ser digno, trabalhador, e veio um qualquer e tirou a vida dele."Ainda ontem, um PM da Corregedoria, de folga, foi baleado e morto ao trocar tiros com bandidos em Guarulhos. Um dos criminosos morreu ao bater a moto na fuga. /COLABORARAM RICARDO VALOTA e WILLIAM CARDOSO

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