A maioria dos motoristas que dirigem na Cidade Universitária, na zona oeste, não respeita o direito dos pedestres. É o que revela uma pesquisa da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Na tentativa de reverter o quadro, a CET começou nesta semana a atuar no câmpus do Butantã da Universidade de São Paulo (USP).
Desde segunda-feira, dez orientadores auxiliam pedestres a atravessar a faixa em três pontos: perto das Portarias 1 e 3 e na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade.
O levantamento feito pela CET entre os dias 13 e 28 de setembro mostra que, das 11h às 13h, dois terços (68%) dos motoristas não deram preferência a pedestres nas faixas de travessia sem semáforo dentro da USP. Além disso, 65% dos veículos que dobraram esquinas não ligaram a seta, uma infração considerada grave. Para as duas análises, foram contados, respectivamente, 1.737 e 2.077 veículos. A cada dia útil, circulam pelos 4,5 milhões de m² da Cidade Universitária cerca de 50 mil veículos e 100 mil pessoas.
A medida iniciada nesta semana tem caráter educativo e é uma extensão do Programa de Proteção ao Pedestre, que começou em maio nas ruas da capital. Mas a ação da CET poderá, no futuro, ir além, com a presença de agentes de trânsito para multar veículos. Hoje, não há fiscalização de trânsito intensiva no câmpus. A Guarda Universitária tem apenas ações para tentar educar motoristas infratores.
Em análise. Segundo o coordenador da Cidade Universitária, José Sidnei Colombo Martini, a presença de agentes de trânsito no câmpus ainda é uma "ideia". "Ainda não existe instrumento legal para isso ser feito, mas há uma análise para que a CET atue mais no aspecto de engenharia de tráfego e nos auxilie a colocar as regras de estacionamento, de sinalização", diz Martini.
Ele diz que, se houver intenção de adotar a medida, ela primeiro será amplamente debatida pelo Conselho Gestor e outras instâncias do câmpus.
Estudantes e funcionários ouvidos ontem pela reportagem se dividiram a respeito da proposta. O aluno de História Gustavo Henriques, de 23 anos, apoia a campanha educativa e cobra punições a infratores. "A USP não é uma parte isolada da cidade. Por isso, acho que também deve haver fiscalização do trânsito aqui."
Já a aluna de Relações Internacionais Carla Lorenzi, de 20 anos, não acha necessária a presença de marronzinhos no câmpus. "Só com a campanha, já funcionou bastante. O respeito ao pedestre aumentou."