CET desliga rádios de marronzinhos

Para economizar R$ 9 mi, Prefeitura não renovou contrato de comunicação; agentes dependem de celular que, segundo eles, têm falhas

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo decidiu não renovar o contrato que garantia a comunicação por rádio de agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Os aparelhos das viaturas começaram a ser desligados anteontem. A medida é parte da redução de gastos de custeio para garantir investimentos prometidos pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e a saúde das contas diante da redução da tarifa de ônibus, anunciada no mês passado após protestos.

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Agora, os agentes que desempenham funções como remoção de veículos quebrados ou desvio do trânsito para facilitar o trabalho de ambulâncias têm apenas um palmtop especial da CET com função de telefone celular para fazer contato com as centrais. Chamado Pidion, esse equipamento também é usado como coletor de dados pelos agentes. No entanto, há relatos de falhas como baterias que acabam antes do fim do expediente, deixando os marronzinhos "mudos".

Com a aposentadoria do rádio foi possível fazer uma economia de R$ 9 milhões, segundo a CET informou por meio de nota. No entanto, dos cerca de 2,6 mil contatos por voz diários entre agentes e centrais, apenas mil são pelo celular. A CET informou que estuda a compra de um novo modelo de comunicação (leia mais ao lado).

Na rua.

No centro e nas zonas oeste e leste da capital paulista, agentes disseram ao

Estado

que a dependência no palmtop diminui o ritmo de trabalho. "É um celular. Às vezes, as mensagens vêm por texto e você tem de ficar lendo", disse uma agente, que não quis ter o nome divulgado.

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Outro marronzinho, que também pediu anonimato, afirmou que com o rádio, em caso de ocorrência, bastava apertar um botão e todas as equipes sabiam do problema - agilizando eventual apoio operacional. "Com o telefone, tem de ligar na central, esperar alguém atender, contar o QRU (sigla para "problema", na linguagem dos rádios) e esperar que chamem o apoio."

Em uma das viaturas, o rádio já havia sido desligado. Em outra, ainda não - e agentes ainda conseguiam estabelecer comunicação entre si, mas sem contato com a central de operações.

O presidente do Sindiviários, sindicato que representa os marronzinhos, Reno Ale, afirmou que a entidade faz críticas à falta do rádio há anos. "As repetidoras do sinal já vinham sendo desligadas, sucateadas, e a resposta sempre foi o Pidion. É um erro. O sistema facilita a transmissão de dados, mas essa é só parte da comunicação que o agente faz. Mas a comunicação ágil é pelo rádio", afirmou o presidente da entidade.

Aperto.

A falta de rádio não é a única economia do sistema de trânsito. Em maio do ano passado, o

Estado

mostrou que, por falta de lâmpadas de reposição, a companhia canibalizava os semáforos - retirando lâmpadas de conjuntos que estavam em ordem para garantir pelo menos o verde e o vermelho acessos de faróis quebrados.

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Em março deste ano, a CET chegou a publicar um edital para pedir doações de material de escritório e mobília. Na mesma época, o prefeito anunciou liberação de R$ 150 milhões para reformar o parque semafórico.

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