Cerco a infratores não reduziu as mortes no trânsito

Em 2 anos, índice de vítimas fatais por 100 mil veículos subiu 7,1%; especialista pede maior rigor contra práticas que ameaçam a vida

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Por BRUNO RIBEIRO E RODRIGO BURGARELLI
Atualização:

A arrecadação recorde da cidade com aplicação de multas ainda não se refletiu em redução de mortes em acidentes. Levantamento feito pelo Estado com base em dados oficiais mostra que o índice de mortes por 100 mil veículos cresceu 7,1% entre o segundo trimestre de 2009 e o mesmo período deste ano. O índice é baseado no número de mortes no trânsito fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública e na frota de veículos registrada pelo Departamento Estadual de Trânsito. Nesse período, a frota cresceu 7,9% e chegou a 7,1 milhões de veículos em julho. Já as mortes cresceram 8,9% - no segundo trimestre de 2011, foram 219. Os dados são de antes do começo da cobrança de multa para quem desrespeita a faixa de pedestres, iniciada em agosto. Para o integrante da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito Celso Médici, os números não significam que ações de fiscalização têm sido ineficientes. "A frota está crescendo muito, mas a fiscalização tem sido eficaz em impedir que o número de acidentes cresça em proporção muito maior. Se não tivesse acontecido esse aperto, certamente teríamos um trânsito mais violento."Já o engenheiro de trânsito Flamínio Fichmann acha que a fiscalização pode ser melhor. "A maioria das multas se refere a infrações administrativas, como desrespeito ao rodízio. É necessário aumentar a fiscalização de infrações que realmente coloquem vidas em risco." Em 2010, os 2 milhões de multas de rodízio que lideraram o ranking representaram quase 30% das 6,9 milhões de autuações. Já a CET garante que há no momento inversão da curva de crescimento de acidentes. "Nos últimos 13 anos, o número de pedestres mortos no trânsito caiu praticamente pela metade, de 1.109 para 630, período em que a frota cresceu 44% e a população, 14%."

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