07 de junho de 2012 | 03h01
Um casal reservado, que vivia em uma cobertura de mais de 500 m², avaliada em pelo menos R$ 4 milhões, na Vila Leopoldina, zona oeste. Quando tinham oportunidade, o executivo Marcos Kitano Matsunaga e a mulher, a bacharel em Direito Elize Kitano Matsunaga, viajavam para o sítio da família, em Ibiúna, no interior do Estado.
Os dois se conheceram na noite paulistana e eram casados havia dois anos. Eles tinham uma filha de um ano. Matsunaga tinha outra filha, de 3, do casamento anterior. Além de diretor da Yoki, o executivo era fotógrafo amador e grande conhecedor de vinhos. Segundo vizinhos, era uma pessoa discreta e simpática. "Ele era um bon vivant, um rapaz de excelente família, muito estudioso", afirmou o delegado Mauro Dias, responsável pelo inquérito.
Matsunaga costumava frequentar a Catedral Anglicana de São Paulo, na Vila Brasilândia, zona norte, ao lado de Elize. Neto do fundador da Yoki, Yoshizo Kitano, o executivo estudou no Colégio Santa Cruz e se formou na Fundação Getúlio Vargas. Antes de trabalhar na empresa da família, Matsunaga foi funcionário do Grupo Walmart.
A Yoki esteve envolvida em um conturbado processo de venda que terminou com sua aquisição, por R$ 1,95 bilhão, pelo grupo americano General Mills. O negócio foi concluído no mês passado, enquanto o diretor executivo estava desaparecido. Pelo menos R$ 200 milhões do total foram para pagar dívidas.
Faca. Já Elize tinha experiência na área da saúde e chegou a trabalhar em um centro cirúrgico. Foi nesse período que, segundo a polícia, ela adquiriu a técnica necessária para esquartejar o marido. Conhecedora de anatomia, usou uma faca com lâmina de 30 centímetros para cortar juntas, cartilagens e separar membros inferiores e superiores, além do tronco e da cabeça. Elize é paranaense e, atualmente, não trabalhava.
Em sua página em uma rede social, ela demonstra gosto por joias e outros artigos de luxo. Seu ciúme era conhecido por todos que conviviam com o casal. Em conversas com policiais, Elize demonstrou frieza. No depoimento formal, no entanto, chorou várias vezes, principalmente quando se referia à filha.
Segundo o advogado que representa os parentes de Matsunaga, Luiz Flávio D'Urso, não havia motivos para suspeitas, até o inquérito apontar uma "convergência de hipóteses". / LETICIA BRAGAGLIA, LILIAN CUNHA, MARCELO GODOY e WILLIAM CARDOSO
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