18 de julho de 2010 | 00h00
SÃO PAULO - O Parque do Ibirapuera tem um significado especial para o advogado Marcelo Martins e sua mulher, a médica Joice. "Namorávamos lá quando tínhamos 18 anos", lembra ele, hoje com 37. Eles se casaram em 1995, sem dinheiro para uma grande festa. "Então, prometemos celebrar melhor após 15 anos." Cumpriram a promessa em janeiro. "E investimos em um ensaio fotográfico por locais ligados à nossa história." Resultado: ela, de branco, e ele, de noivo, em fotos na Avenida Brasil, na frente do Monumento às Bandeiras.
A ideia não é exclusiva do casal. Usar a cidade como cenário de fotos de casamento virou moda. "Hoje, 90% dos casais querem retratos em pontos turísticos paulistanos", calcula Reynaldo Cavalcanti, proprietário do Studio Equipe, no mercado há 42 anos e que conta com 12 fotógrafos.
"A primeira imagem do tipo que fizemos foi há exatos 12 anos, na Avenida Paulista", recorda. "Mas naquela época nunca pediam isso." Segundo ele, só começou a virar tendência nos últimos tempos. "Agora, a maioria dos meus clientes quer."
Segundo profissionais ouvidos pelo Estado, os lugares preferidos são os cartões-postais paulistanos, como a Avenida Paulista, o Viaduto Santa Ifigênia, o Viaduto do Chá. Há três motivos que justificam a escolha do local: uma ligação sentimental dos noivos com o cenário, a beleza, a proximidade da igreja ou do espaço onde será a festa.
Diferencial. "Essas imagens dão um charme para o álbum do casal", defende o fotógrafo Wanderlei Camarneiro, conhecido como Foca, que trabalha no ramo há 35 anos. "E São Paulo é um belo estúdio para fazer esses trabalhos", diz.
Ele começou a clicar pontos turísticos paulistanos influenciado pelos estilos americano e europeu de fotografia de casamento. "Lá fora, principalmente em cidades históricas como Roma, é muito comum fazer esse tipo de retrato."
Foca adotou o diferencial. "Sempre sugiro um lugar para o casal", conta. "Mas só as noivas mais descoladas topam fazer a foto." As que negam alegam que perderiam tempo com o retrato (já que correm da igreja para o bufê) ou que têm medo de assalto nas ruas. "Quando o lugar é perigoso, como no centro, levo um segurança particular", diz.
A física nuclear Patrícia Fachini-Laue não se arrependeu de seguir a proposta de Foca. "Casei no Mosteiro de São Bento e ele pediu para nos retratar no Viaduto Santa Ifigênia", recorda. "Quando vejo as imagens, lembro de minha terra natal, de minha família." Ela mora desde 1995 nos Estados Unidos, onde conheceu seu marido, um físico alemão.
Moda. Para o fotógrafo Fabio Laub, o estilo conquistou as noivas. "Espalhou-se de forma viral", acredita. "Uma sempre quer fazer algo que a outra fez. Então, se uma amiga é fotografada no Parque do Ibirapuera, a outra vai querer escolher um lugar ainda melhor e mais bonito."
Nem todos, porém, são adeptos. "Parar para fotos na rua no dia do casamento só atrapalha", acredita a fotógrafa Juliana Mozart. "Se a noiva pede, porém, eu faço. Só que proponho que seja no meio do caminho entre a cerimônia religiosa e a festa."
"Acho melhor quando reservamos uma data apenas para realizar um ensaio bacana pela cidade", diz Juliana. Ela conta que há um número crescente de casais que gosta de ser fotografado, antes ou depois do grande dia, em lugares que têm a ver com a história deles.
Os pontos preferidos das noivas
Av. Paulista
"É o campeão", diz Cavalcanti
Vd. St. Ifigênia
"A vista é linda", defende Foca
Centro velho
"Tem um ar europeu", analisa Foca
Pq. do Ibirapuera
Verde e ar romântico atraem os casais Teatro Municipal
E outros símbolos do centro da cidade
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