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Vai-Vai, Mocidade e Gaviões da Fiel são destaques do 2º dia de desfiles em SP

Escolas de samba tradicionais e grandes campeãs do carnaval de São Paulo se apresentaram no último dia de folia no Sambódromo do Anhembi

Por e Fabio Leite
Atualização:

A Vai-Vai, maior campeã do carnaval paulistano, a Mocidade Alegre e a Gaviões da Fiel foram os grandes destaques do segundo e último dia de desfiles de carnaval do Grupo Especial em São Paulo. No primeiro dia, Acadêmicos do Tatuapé e Mancha Verde se destacaram. A escola campeã será conhecida na tarde de terça-feira, 13.

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Veja a seguir como foi o desfile de cada escola:

VAI-VAI 

Com um samba envolvente em homenagem a Gilberto Gil, a Vai-Vai contagiou o público e se credenciou como uma das favoritas para conquistar seu 16.º título. A obra e a biografia de Gil foi destacada pela escola do Bixiga, na região central de São Paulo, com alegorias robustas e muito coloridas, como os carros da Tropicália e do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Uma das alas destacou a luta do cantor contra a ditadura e sua prisão, em 1968, pelo regime militar.O samba-enredo "Sambar com fé eu vou" foi composto com vários trechos de músicas de sucesso de Gil, como "Domingo no Parque", "Filhos de Gandhi" e "Parabolicamará". O cantor estava no último carro da escola e se emocionou com a homenagem.

Escola Vai-Vai homenageou o cantor Gilberto Gil no desfile da segunda noite do carnaval de São Paulo. Foto: Andre Penner/AP Photo

 

MOCIDADE ALEGRE

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Já a Mocidade Alegre, dona de dez títulos, homenageou a cantora Alcione, de 70 anos, considerada a "Rainha do Samba". No samba-enredo que foi bastante cantado nas arquibancadas, aescola da zona norte destacou o clássico "Não deixa o samba morrer", gravado pela Marrom em 1975. Foi Alcione quem puxou seu próprio samba no começo do desfile e depois subiu no último carro da escola para ser homenageada com o enredo "A voz marrom que não deixa o samba morrer".

No desfile, muitas referências a São Luís do Maranhão, onde Alcione nasceu em 1947. O destaque foi para o carro que representou a festa do Bumba-meu-boi, que arrasta uma multidão de maranhenses todos os anos.

A escola Mocidade Alegre desfila no Sambódromo do Anhembi na segunda noite do carnaval de São Paulo. Foto: Rafael Arbex/Estadão

 

GAVIÕES DA FIEL

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Uma homenagem a cidade de Guarulhos foi o tema da Gaviões da Fiel, escola de samba da maior torcida organizada do time de futebol Corinthians. A lenda da aldeia dos Guarus, que habitaram a segunda maior cidade da Grande São Paulo antes da chegada dos homens brancos, foi contada com muito brilho e referências indígenas. No abre-alas, a escola abriu mão do preto e branco e trouxe um gavião, símbolo da agremiação, nas cores rubro-negra.

Comandada pelo mestre Ciro Castilho, a bateria fez longas paradinhas, empolgando ainda mais os torcedores da escola, que agitaram bandeiras na arquibancada e ensaiaram coro de campeã. A apresentadora Sabrina Sato estava doente e mesmo assim desfilou pela escola. 

Gaviões da Fielhomenageou a cidade de Guarulhos, na grande São Paulo. Foto: Rafael Arbex/Estadão

 

DRAGÕES DA REAL

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Vice-campeã de 2017, a Dragões da Real apresentou no enredo uma forte referência a sucessos caipirias, como "ou caipira pirapora", "fio de cabelo" e "ainda ontem chorei de saudade". O objetivo era contar a vida do homem simples da roça. No abre-alas o cantor Sergio Reis, com um berrante nas mãos, foi um dos destaques. 

“É uma emoção muito grande, gostoso. Ainda mais eu que sou do bairro, nasci aqui, moro aqui na serra (da Cantareira). Emociona. O tema era esse, um bom tema. Mostra um pedaço da música do Renato Teixeira, ‘sou caipira pira pora’, a Romaria”, disse o cantor. Com fantasias ricas em detalhes, a Dragões explorou as raízes e tradições sertanejas, como a festa junina, e não poupou referências às duplas de grande sucesso no País, como Chitãozinho e Xororó e Zezé di Camargo e Luciano.

A Dragões da Real investiu na representação do homem rural e da cultura sertaneja no Brasil. Foto: Sebastião Moreira/EFE

UNIDOS DE VILA MARIA

Do México para o Sambódromo do Anhembi. A escola Unidos de Vila Maria levou para a avenida a cultura mexicana e seus expoentes mais pops, como Roberto Bolaños, Chavez e Frida Kahlo em um desfile irreverente e marcado por alguns contratempos. Um imprevisto causou tensão entre os componentes da escola: a porta-bandeira perdeu a saia e a escola não conseguiu consertar e acabou improvisando um pedaço de pano amarrado na cintura.  A Unidos de Vila Maria deve perder alguns pontos no quesito enredo, fantasia e evolução. 

Sambistas vestidos do personagem Chapolin Colorado desfilam pela escola Unidos da Vila Mariana segunda noite de Carnaval 2018. Foto: Rafael Arbex/Estadão

IMPÉRIO DA CASA VERDE

Com um enredo politizado e um desfile luxuoso, a Império de Casa Verde usou a Revolução Francesa, em 1789, para falar da luta do povo contra as regalias da nobreza e incluiu no seu samba um clamor que se popularizou no Brasil nos últimos anos: "vem pra rua".  O ponto alto do desfile foi na passagem da quarta alegoria, que representava a "Tomada da Bastilha", momento central da revolução, quando o povo tomou a fortaleza usada como prisão pelo Estado e decretou o fim do Absolutismo francês. Um grande elefante à frente representava a força popular.  No último carro, o tigre guerreiro, símbolo da escola, representava a ascensão social.

A escola Império da Casa Verde, da zona norte de São Paulo, foi a segunda a desfilar no sábado, 10. Foto: Nelson Almeira/AFP Photo

X-9 PAULISTANA

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Os ditados populares foi o tema da escola, que abriu o segundo dia de desfiles no Sambódromo do Anhembi. O "Presente de grego" foi representado pela comissão de frente, que trouxe para a avenida o "cavalo de Troia", deu início à série de provérbios que permearam todo o samba-enredo "A voz do samba é a voz de Deus. Depois da tempestade vem a bonança".

Em uma das cinco alegorias, a X-9 Paulistana trouxe o carro "Casa da mãe Joana", fazendo alusão a atual situação política do País, com homens com ternos sujo de lama e usando a faixa presidencial. Na sequência a ala "Acabar em pizza" foi uma das 21 alas da agremiação, todas batizadas por ditos populares como "Arco da Velha", "Maria vai com as outras" e "Santo do pau oco".

A X-9 paulistana abordou o tema dos ditados populares na segunda noite de desfiles no Sambódromo do Anhembi. Foto: Sebastião Moreira/EFE