Carla Cepollina vai a júri popular por morte do coronel Ubiratan

TJ decidiu que há indícios que justificam julgá-la por causa do crime de 2006; defesa ainda não decidiu se vai recorrer

PUBLICIDADE

Foto do author Marcelo Godoy
Por Marcelo Godoy
Atualização:

O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu ontem que a advogada Carla Cepollina vai a júri popular. Ela é acusada de matar com um tiro na barriga o coronel Ubiratan Guimarães após um ataque de ciúmes. O crime ocorreu em 2006 no apartamento do então deputado estadual, nos Jardins, na zona sul de São Paulo. A decisão, da 9.ª Câmara Criminal do TJ, foi unânime (3 a 0).Ubiratan era o oficial da PM que comandou a operação no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo na qual morreram 111 presos, em 1992. Ele e Carla tiveram um conturbado namoro. Ela se dizia apaixonada pelo coronel, mas Ubiratan começou a namorar uma delegada da Polícia Federal. Na versão da acusação, no dia do crime, Carla teria atendido, no apartamento dele, um telefonema da delegada para o coronel. Os dois teriam discutido. Ubiratan vestia apenas uma toalha quando foi morto.O julgamento de ontem foi uma prévia do que deve ocorrer no júri, que não tem data marcada. De um lado estava a procuradora Lígia Martins, do Ministério Público Estadual, e o advogado da família do coronel, o criminalista Vicente Cascione. Eles afirmaram haver provas suficientes de que Carla estava no apartamento do coronel na hora do crime. Ela também é acusada de tentar fraudar a perícia policial ao entregar para análise roupas diferentes das que usava no dia do crime.A acusação enfrentou a defesa, feita pelo criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Ele tentava manter a decisão que inocentara Carla em 2008, quando, em primeira instância, a Justiça decidiu não a mandar a júri. Para ele, falhas do laudo da morte não permitem dizer que Carla estava no apartamento do coronel na hora do crime. "O inquérito foi conduzido desde o começo para tentar provar a culpa da Carla", disse. O relator do caso, desembargador Souza Nery, decidiu que havia indícios suficientes contra a advogada. Com ele, votou o revisor, Roberto Midolla. O terceiro juiz, o desembargador Francisco Bruno, afirmou que "havendo dúvida razoável é sempre necessário submeter o caso a júri popular". A defesa ainda não decidiu se vai recorrer da decisão. A acusação comemorou. "Tinha certeza de que o tribunal a mandaria a júri", disse Cascione.A mesma certeza era compartilhada pelo delegado Armando de Oliveira Costa Filho, que chefiava a Divisão de Homicídios quando o inquérito foi concluído. "O que existe nele são provas periciais que não deixam dúvida: ela matou o coronel Ubiratan Guimarães", disse o delegado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.