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Carandiru: mais 26 PMs vão a júri na segunda

Nesta etapa do julgamento que foi desmembrado por pavimento, policiais são acusados de 73 das 111 mortes na Casa de Detenção em 1992

Por Luciano Bottini Filho
Atualização:

A segunda etapa do júri do Carandiru começará na segunda-feira com 26 policiais militares acusados por 73 das 78 mortes ocorridas no 2.º andar da Casa de Detenção - 70% das 111 vítimas do chamado Massacre do Carandiru, em 1992. Mas o único acusado individualmente pelo Ministério Público por 5 das 78 mortes nessa ala ainda não irá ao banco dos réus - o coronel reformado Luiz Nakaharada, que integrava o 3° Batalhão de Choque, aguardará a última etapa do julgamento. Nakaharada, na época, era o oficial de maior patente, logo após o coronel Ubiratan Guimarães, comandante de toda operação no complexo. O coronel liderou a invasão ao 2.º andar do Pavilhão 9 do Carandiru. Dois oficiais abaixo na linha de comando serão julgados nesta segunda: o capitão Valter Alves Mendonça e o tenente-coronel Salvador Madia, ex-comandante da Rota (2011 a 2012). Segundo a advogada de defesa, Ieda Ribeiro de Souza, a tropa da Rota nesse pavimento era formada por 31 PMs - três deles morreram e um teve processo suspenso, por causa de incidente de insanidade mental. O ex-soldado da Rota Cirineu Carlos Letang Silva ficou conhecido como o "matador de travesti". O júri foi dividido em 5 fases, conforme o pavimento. Um ocorrido em abril, o que começa segunda e mais três etapas: o 3.º e 4.º andares e, por fim, Nakaharada. Ainda deve haver um bloco sobre crimes de lesão corporal grave, mas a defesa crê que os delitos prescreveram. Para a promotoria, pesam sobre os acusados do 2.º andar do Carandiru as provas mais robustas de que houve execução sem possibilidade de defesa - como corpos com mais de oito tiros e marcas de projéteis nas vítimas e nas paredes das celas que mostram rajadas de até 300 disparos. Mesmo assim, o resultado dependerá da consciência dos jurados, que pode não ser a mesma dos que condenaram outros 23 PMs em abril. Desaparecimento - O juiz José Augusto Nardy Marzagão ordenou em abril a abertura de um inquérito para apurar por que não foram localizados os projéteis extraídos dos corpos, após a invasão. Na ação, o Instituto de Criminalista (IC) afirma que todo o material foi levado pelo 9.º Distrito Policial. Já a unidade diz que nunca recebeu laudo do IC sobre os projéteis.

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